sábado, 29 de junho de 2024

ANTÓNIO GUERREIRO VERSUS ANTÓNIO CARLOS CORTEZ | sobre «professores» |É BOM SEGUIR ESTE DEBATE MAIS QUE NÃO FOSSE PORQUE NELE SE RECUSA «A MEDIOCRIDADE COMO FORMA DE SER E DE ESTAR NO ENSINO E NA VIDA»

 

 

E de repente somos beneficiados com a escrita de duas pessoas que pensam - ver imagem - dialogando num jornal, na circunstância o PÚBLICO.  Uma amostra do que escreveram:

  ANTÓNIO GUERREIRO - «(...)Estas considerações sobre tal assunto nasceram da circunstância de ter visto e ouvido, há alguns dias, num jornal televisivo, dois ilustres professores a comentar as recentes medidas deste governo para tentar resolver o problema da falta de professores: um, António Carlos Cortez professor de Língua Portuguesa e Literatura Portuguesa no Colégio Moderno (também poeta, crítico e ensaísta); o outro, Nuno Crato, professor universitário, ministro da Educação entre 2011 e 2015. Ambos são muitas vezes convocados para falar publicamente sobre assuntos da escola e da educação, e ambos (cada um à sua maneira; no caso de Nuno Crato, à maneira de ex-ministro que se isenta de quaisquer responsabilidades) dizem coisas muito sensatas, que os cidadãos gostam de ouvir. Este é aliás um domínio em que todos têm qualquer coisa a dizer porque toda a gente passou pela escola. Essas coisas sensatas ditas pelos que acumularam experiência e saber nesta matéria referem-se geralmente à transmissão do saber e à formação e informação, numa perspectiva que evoca quase sempre um discreto humanismo e alguma nostalgia. (...)»

ANTÓNIO CARLOS CORTEZ -  «(...)É, até certo ponto, ingénuo o pressuposto de que parte o António Guerreiro: o de que as minhas intervenções são fruto de uma ausência da experiência física das escolas públicas. De resto, “experiência física total” é uma expressão curiosa, sugerindo que eu, para poder ser chamado a fazer comentário sobre educação, deveria ter sido alvo de maus-tratos ou ter tido já direito ao meu esgotamento. Desengane-se, António Guerreiro: o meu desencanto de longa data não é resultado de um qualquer “luxo decadentista”. É fruto de uma inamovível vontade de ser fiel a uma profissão que escolhi muito cedo porque fui aluno de professores excelentes: de Rui Carreteiro e de José de Almeida Moura, no 3.º ciclo e no secundário, a Paula Morão, Artur Anselmo, Rui Zink e Fátima Freitas Morna na universidade. O magistério de Luís Kruz, cujos métodos sigo, não esquecerei nunca. Professor que tem escrito sobre poesia, sobre educação, sobre cultura, é esse o meu caso, como bem sabe, caro António. E tudo porque li Mário Dionísio e Álvaro Salema, porque sei quem foram Paulo Freire e George Steiner. Este professor, que é poeta e crítico literário, como refere, tem desilusões. O seu artigo desilude-me. Desilude-nos. Ou seja: de si, intelectual que respeito, esperava mais. Esperava que não embarcasse no cinismo dos que mandam e que, sendo comentadores de poltrona, ou ministros que desconhecem o terreno, provincianamente fazem comentário e política sem conhecer a realidade dos factos. Direi, portanto, outra coisa: “Professor: a digna profissão.” Jamais maldita».

*
*  *
 
Por coisas destas, também vale a pena ler jornais. Obrigado aos autores que admiramos. Claro, se puder e ainda não leu, não perca. 
 

Sem comentários:

Enviar um comentário