sábado, 30 de novembro de 2024

EUGÉNIA VASQUES |«Ensaios de Teatro»

 

 

Ensaios de Teatro

Eugénia Vasques

Eugénia Vasques – toda uma história de vida no teatro, feita de pensamento e ação, que realizou, e continua a realizar; obra de reflexão crítica, agora escolhida e reunida, pensada em dois volumes. Este primeiro, Ensaios de Teatro, é composto por uma seleção de textos, conferências e outras intervenções públicas, em grande parte inéditas, sobre o teatro em Portugal, no contexto do teatro internacional, e com especial incidência sobre a evolução de conceitos e práticas teatrais, a escrita de teatro e o trabalho do ator enquanto corpo e linguagem. A organização destes Ensaios de Teatro em sete secções procura, justamente, refletir o vasto leque de preocupações e de mundivivências. No fim do volume, as «Notas aos textos» informam sobre as datas e as circunstâncias da escrita e da publicação de cada um deles, sendo de sublinhar que, dos 40 textos deste livro, 15 são inéditos. Um segundo volume, projetado para 2025, quando se cumprem 40 anos da crítica teatral, em que se fará uma recolha das suas principais críticas de espetáculos de teatro e de outros textos de enquadramento do percurso histórico de algumas companhias e grupos, ou de personalidades isoladas (encenadores/as, cenógrafos/as, atores e atrizes). Estes dois volumes devem ser complementados com a leitura de outras obras da autora sobre teatro, publicadas entre 1991 e 2022 (lista que consta final deste livro).  Saiba mais,
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Felizmente,  temos - na circunstância na esfera do Teatro, obrigado Eugénia Vasques -  quem nos organize memória sobre pensamento e ação úteis a diferentes destinatários.  A ADMINISTRAÇÃO, nomeadamente via MINISTÉRIO DA CULTURA, devia dar especial atenção aos «Ensaios» acima , da «Imprensa Nacional _ Casa da Moeda, S. A., sociedade anónima de capitais exclusivamente públicos» -  (aproveitemos,  uma vez mais, para nos interrogarmos sobre a sua missão nestes domínios e os critérios seguidos na operacionalização) - para retomar intervenção que nos dê dados, informação e conhecimento, que fazem parte da razão de ser do aparelho estatal. E isso tem a ver com SERVIÇO PÚBLICO. Há um ponto na obra de Eugénia Vasques - «As leis sem lei. Sobre a legislação de teatro em Portugal no século XX», entre as páginas 439 - 447 - que mais do que nos dá nos remete para o que não temos e que só «os serviços», nomeadamente da DGARTES, estarão em melhores condições de organizar. Mais, há o que falta produzir, mas também o que existe e não está disponibilizado porque eventualmente «perdido» em gavetas e computadores ... Lembre-se que lá atrás a existência de Centros de Documentação e afins sempre foram considerados, e até constantes «da legislação». Esta nota que se pode ler nos Ensaios será elucidativa:
Ora, ilustrando: ainda não havia internet e a legislação sobre a Cultura era compilada em publicações próprias, prática que estranhamente  se foi perdendo quando as possibilidades técnicas o permitem de forma ágil. Onde estarão?  Depois, insistamos, será que nos serviços não existem trabalhos que vão ao encontro das necessidades identificadas por Eugénia Vasques? Ainda, haverá detalhes que só equipas  multidisciplinares  e multi-institucionais poderão fixar com rigor. Ilustremos: a seguir ao 25 de Abril, em Évora, não foi criado o primeiro «Centro Dramático português», mas sim o «Centro Cultural de Évora», e não se trata apenas de «uma designação», mas de conceito, e  tem «história». Ou seja, sim, há necessidade de sistematizar diplomas, mas há que lhes dar contexto para se perceber o conteúdo. As «orgânicas» estão para lá do «direito» ... Desde logo, será fundamental inventariar o que existe e está em curso, nomeadamente de âmbito académico. E convinha fixar registos dos protagonistas que ainda estão connosco. Ah, sabemos que chegou a haver «projetos» para isso. O que será feito deles? Enfim, só perguntas! A que se deveria responder com POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A CULTURA. Ainda, olhemos para o que se passa «lá fora».

ACABADA DE CHEGAR A MAIS RECENTE NEWSLETTER DA ENCATC UM LEMBRETE |«ENCATC represents, promotes, and advances the fields of cultural management and cultural policy education, research, and practice; enhancing an inclusive, sustainable, and democratic development of arts and culture for the benefit of society | QUAL SERÁ A REPERCUSSÃO DESTA ORGANIZAÇÃO EM PORTUGAL?

 

 
«This book explores the transformative role of networks within the European Union (EU) over the past three decades, particularly in relation to the cultural and creative sectors, examining how informal collaborations evolved into structured entities that have reshaped EU cultural governance and fostered cross-border cooperation among cultural professionals. Employing case studies, the book reveals how EU-funded networks influence local creative practices and policy discourse and drive ideational change. It introduces new analytical frameworks to assess networks as agents of multilevel, cross-sectoral transformation.(...)».
 

 
«Since the 1990s, cultural management and policy in Europe have undergone transformative changes. This insightful book offers a comprehensive journey through that evolution, blending historical insights with an analysis of current trends to illuminate the future of the field. (...)».
 
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Para quem desconhece  aqui vai sobre a ENCATEC:
 

quinta-feira, 28 de novembro de 2024

AINDA AS ELEIÇÕES USA |«Livrai-nos deles»| DE MANUEL AUGUSTO ARAÚJO | NO «ABRIL ABRIL»

 


Começa assim: «Em linha com a voz de comando internacional da comunicação social, que só no final teve algumas breves nuances, por cá, a campanha de Trump era apresentada como um repositório de broncas tiradas, vigorosas afirmações machistas e de vingança, insidiosas vulgaridades a disparar com mira, sobretudo virada para os emigrantes, as mulheres, as políticas de género, sem nunca ou só muito superficialmente referirem a adulação que fazia às classes médias, médias baixas, às classes trabalhadoras fustigadas pelo custo de vida, pela inflação, afinal, o prato forte da sua campanha praticamente ignorado nas coberturas noticiosas.
O contraponto era uma Kamala Harris, de sorrisos rasgados prontos a desaguar em estridentes gargalhadas com que festejava as estrelas mediáticas que desfilavam beijos e abraços nos púlpitos dos seus comícios, apostada na defesa dos direitos das mulheres, procurando escapar entre os pingos da chuva das políticas económicas do governo Biden, em que foi uma cinzenta vice-presidente, terreno fértil para ser adubado pelos populismos de direita, destacando-se no apoio à guerra na Ucrânia, que Trump promete, não se sabe como, acabar em 24 horas, concorrendo com ele no apoio aos nazi-sionistas de Israel, no genocídio que Israel está a perpetrar, que por vezes procurou disfarçar farisaicamente, piscando de quando em quando o olho aos apoiantes da causa palestina enquanto os removia dos seus comícios e arredores. Em traços grossos eram esses os ecos das acções de campanha nas televisões, rádios e jornais, tanto de jornalistas, os que se sentavam nas redacções locais, os inúteis enviados especiais, os inúmeros comentadores.
O tom geral, até ao dia das eleições, mesmo os que referiam uma batalha acirrada, era favorável a Kamala Harris, o que era apoiado pelas sondagens e alguns gurus com currículos sustentados em anteriores previsões. A grande preocupação eram as bombas lançadas por Trump sobre a guerra em curso na Ucrânia, esquecendo-se que foi ele quem lançou as primeiras sanções à Federação Russa depois da anexação da Crimeia, incidindo sobre o petróleo e o gás, que foi o primeiro a ameaçar o Nord Stream 2, cuja explosão teve por consequência os EUA passarem a ser os principais fornecedores da Europa com preços superiores em cerca de 40%, o que está a atirar a Europa para uma recessão generalizada, anunciada por mais que anémicos crescimentos. Para um suposto amigo de Putin é obra, amigos, amigos, negócios à parte. Na Europa ficam tremulantes com a exigência de financiarem a sua defesa em 2% do PIB, exigência que nem é dele, foi feita por Obama, a que fará no futuro próximo logo se verá, sem olharem para as despesas dos EUA com armamento que foram no seu primeiro mandato as maiores de sempre, pelos perigos de enfraquecer a NATO, o que é muito relativo desde que esteja garantido que a grande fatia das suas compras seja feita ao outro lado do Atlântico. (...)». Continue a ler.


terça-feira, 26 de novembro de 2024

MINISTÉRIOS DA CULTURA QUE DEBATEM | «Dans sa volonté de participer aux débats contemporains, d’impulser de nouveaux sujets de réflexion, de mettre la lumière sur les innovations culturelles et de porter la voix de la réflexion scientifique, le ministère de la Culture a lancé en 2022 un cycle de tables rondes réflexives et participatives»

 

 
Vale por si, mas até vem
 a propósito do post anterior 
 
 

DISCUTAMOS! |«Culture is not an industry _ Reclaiming art and culture for the common good»| EM LINHA COM O QUE DEFENDEMOS DISCUTAMOS «SERVIÇO PÚBLICO DE CULTURA» E «INDÚSTRIAS CULTURAIS E CRIATIVAS» | MAS QUEM DÁ O PONTAPÉ DE SAÍDA COM A ESCALA NECESSÁRIA?

 

 

«Description

Culture is at the heart of what it means to be human. But twenty-five years ago, the British government rebranded art and culture as 'creative industries', valued for their economic contribution, and set out to launch the UK as the creative workshop of a globalised world.
Where does that leave art and culture now? Facing exhausted workers and a lack of funding and vision, culture finds itself in the grip of accountancy firms, creativity gurus and Ted Talkers. At a time of sweeping geo-political turmoil, culture has been de-politicised, its radical energies reduced to factors of industrial production. This book is about what happens when an essential part of our democratic citizenship, fundamental to our human rights, is reduced to an industry.
Culture is not an industry argues that art and culture need to renew their social contract and re-align with the radical agenda for a more equitable future. Bold and uncompromising, the book offers a powerful vision for change.
 

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Mais daqui: «(...)Where does that leave art and culture now? Facing exhausted workers and a lack of funding and vision, culture finds itself in the grip of accountancy firms, creativity gurus and Ted Talkers. At a time of sweeping geo-political turmoil, culture has been de-politicised, its radical energies reduced to factors of industrial production. This book is about what happens when an essential part of our democratic citizenship, fundamental to our human rights, is reduced to an industry. 
 REVIEWS:
‘Imaginative culture – art, stories, decoration, styles – is how we anticipate the future and feel our way into it: our antennae. Treating culture as an industry subject to the crude rules of neoliberalism doesn’t make any more sense than treating healthcare the same way. Justin O’Connor’s brilliant book argues for a holistic, ecological vision of culture in which it is seen as an essential part of the maintenance of a functioning society.’
Brian Eno
Culture is not an industry radically remakes the case for culture and cultural policy in the twenty-first century. Rejecting the trend for culture’s depoliticisation and the illusions of the “creative industries”, O’Connor proposes a dynamic new approach where culture is recentred as foundational to citizenship, democracy and a new kind of economy.’
Mark Banks, Professor of Cultural Economy, University of Glasgow
‘A passionate and well-argued “corrective” that seeks to rebalance the cultural scales away from the economic to a larger sense of social purpose. The book’s central argument is that we must reclaim art, give it place and recognition in all and every society that wishes to live well and without fear. I’ll buy that.’
Josephine Burns, Co-Founder of BOP Consulting

REFLECTIONS:

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 Excerto:
 

«(...)Long period of decay

The invention of the creative industries, which attached the arts to a bigger phenomenon made possible by digitisation, appeared to give them a larger role in the national economy. But since 2010 the arts have experienced a long period of decay, while even the creative industries have recently ceased to grow. The present Labour government must find a solution to what O’Connor describes as an “interregnum”, as neoliberalism decays. Culture has become part of the consumer economy while the public sphere, to which the arts supply the means of thinking about society, has been shattered. Postmodernism has dissolved any idea of cultural authority. Value is only expressed through the cash nexus. Art has no critical edge.

New Labour’s utopian invention of the creative industries, O’Connor argues, transformed our language, but “creativity” has no clear meaning. It is there in science as much as the arts. The cultural economy has been taken over by corporations and “platform capitalists”, and the arts are as badly off as they were in the 1980s. The claim that culture was an industry was unsupported by a corresponding industrial strategy, while the “New Public Management” (a term describing a process developed during the 1980s of making culture more “businesslike”) privatised the public service the arts supplied. The new definition of the arts appeared more democratic—but it was the pseudo-democracy of the market.

Since the Covid-19 pandemic, O’Connor continues, the claims that the arts would benefit if seen as a creative industry have proved false. We have a new precariat of middle-class start-ups; individual artists are worse off. Creative autonomy has declined, and the sense of a common public culture has disappeared. That needs to be rediscovered as a social necessity and the site of freedom, giving real control over our lives. Culture must be promoted not as a personal gratification for those in the know, but as a fundamental part of citizenship and a human right.

But how to achieve this? O’Connor draws on the ideas of the Foundational Economy Collective, a loose group of international researchers, who argue that as much as 70% of a national economy is local, as opposed to the international economy that obsesses capitalism and national governments. Culture must reassert its role alongside health and education as a means to liveability, not GDP. This is a radical transition, but once culture is seen as essential to life, not just as a pleasurable personal compensation for its pains, it is possible.

O’Connor outlines how this can be delivered, beginning with the household and leading to a reconstruction of the public sphere and recognition of the public value of culture. But that value must be re-formed as a democratisation and localisation that rediscovers its social, not its economic, roots. Market failure will no longer be the only justification for subsidy. This does not mean a greater economic role for government—where in any case UK cultural spend is 0.5% of its total—but a rethink that builds from the local, and includes the commercial.

We have a new Labour government, but the signs are not good. The prime minister, Keir Starmer, may speak of the pleasure of learning the flute, but institutional arrangements militate against change. The secretary of state for culture, Lisa Nandy, has no experience in the field. The arts have been given to Chris Bryant as part of the creative industries. The neoliberal thinking remains. Yet the new government has faltered with its emphasis on the glum times ahead. Surely a rethink of the field of the arts would show the government on the front foot. The arts are struggling, the broader culture, of which they are a part, is in the hands of international corporations. We need a new ode to joy».

 

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Constatação: ninguém no nosso País está a olhar para a «Cultura»  à luz do que decorre do acima exposto. O autor vem da Academia, e pegamos nisso para chamar a atenção da nossa, e em particular das Escolas de Economia e Gestão. Sim, a Sociologia é fundamental mas não substitui aquelas. Por outro lado, «novos normais» são reclamados pelo paradigma DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL. Necessariamente, as ADMINISTRAÇÕES têm um papel que ninguém pode desempenhar em seu lugar. Não o poderão fazer enquanto não tivermos um MINISTÉRIO DA CULTURA digno desse nome. Vivendo nós uma democracia assente em PARTIDOS facilmente se concordará que hoje as suas narrativas em torno da Cultura e das Artes  - o que não aconteceu, foi acontecendo - estão longe do que organiza a obra de Justin O´Connor. Com o devido respeito, é tudo muito panfletário. Instrumento a que também se poderá recorrer para espalhar os assuntos, mas que só produzirão efeito saudável se por detrás houver trabalho sólido. A nosso ver, e ilustrando, basta olhar para o que acontece nas idas dos Governantes da Cultura ao Parlamento para se concluir que é o casuistico que domina. É evidente que os assuntos isolados, concretos, que afectam as populações e em especial os agentes culturais têm de ter atenção, mas se não formos à essência, numa visão de desenvolvimento cultural, estaremos longe do necessário. E, contudo, há uma riqueza imensa na atividade cultural e artística que os nossos criadores e demais profissionais do setor, cada um ao seu jeito, nos proporcionam através de uma OFERTA diversificada. Assim, justifica-se que se reclame junto das diferentes FORÇAS INSTITUCIONAIS que cumpram a sua parte ...   
Mas é bom termos pontos de partida para fazer o que não está a ser feito. Alem do livro, mais este video:
 

 
Então, sem preconceitos, discutamos!
 É verdade, eventualmente,
já nem saberemos
 como fazê-lo.
 
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 Entretanto,  quando íamos publicar este post caiu-nos no computador isto
Donde:«(...)"Esta minha decisão faz parte da estratégia que estamos a preparar há mais de um ano para o futuro próximo", garante Luís Montez, reagindo às notícias publicadas há dias sobre o fim da ligação entre a sua promotora e o festival que há anos movia meio Portugal e muitos estrangeiros para o Meco. "Foi há quase 30 anos que lancei à Super Bock o desafio de patrocinarem um festival de música — uma iniciativa cultural completamente nova e, por isso, nessa altura com alguma dose de risco para a minha empresa" —, recorda, apontando que agora essa ligação chega ao fim. (...)».

De facto, a nosso ver, ajudará no debate a fazer, nomeadamente para «separar águas» e compreendermos o SETOR CULTURA onde caberá a «INDÚSTRIA» e o «SERVIÇO PÚBLICO». Como se verifica para o «inventor» o Super Bock/Super Rock é «uma iniciativa cultural».