Apetece desistir de acompanhar o discurso do Senhor Ministro. É uma realidade: não vê, não ouve, nem lê o que realmente está em causa na esfera da «área Cultura». Insiste - e aqui sim com propriedade se pode dizer - na sua cassete. Vejamos o que o Senhor Ministro afirmou no Algarve:
«(...) "Eu sou, por definição, particularmente dialogante e recebo todas as entidades que me pedem para ser recebidas. Mas não tive nenhum pedido para receber a ACTA, nenhum!", disse o ministro ao nosso jornal.
Em relação ao facto de a ACTA ter ficado de fora dos apoios da DGArtes, Pedro Adão e Silva sublinhou que leva «muito a sério a ideia de concursos, com júris independentes, e acho que a pior coisa que poderíamos fazer era politizar as escolhas dos júris nos apoios à artes».
De qualquer modo, esclareceu o titular da pasta da Cultura, «na região do Algarve, tínhamos oito entidades apoiadas, agora temos mais três e o valor dos apoios cresceu 30%. Temos quatro entidades novas que não tinham apoio no ciclo anterior. E como acontece em todos os concursos há entidades que eram apoiadas e deixam de o ser. No Algarve, houve uma entidade que perdeu o apoio. Faz parte das regras do jogo, que são conhecidas».
Para o ministro, «o essencial é que o Algarve tem mais entidades apoiadas e mais 30% de apoios do que tinha no ciclo anterior. Não é fácil encontrar, em termos de políticas públicas, um programa de apoio que, de um ciclo para o outro, cresça 30% numa região, como aconteceu no Algarve». (...)».
Ó, Senhor Ministro, deixe-se disso: responda aos argumentos que desmontam o que diz. Vá ao essencial, e mostre que se está errado quanto à operacionalização dos seus concursos. E que tem horizonte - o que ninguém vê. Por exemplo, toda a gente leva a sério os concursos a partir do momento em que existam, e é assim que defendem que as «regras» não podem ser alteradas beneficiando apenas alguns quando já estão em andamento ... E há ALTERNATIVAS AOS CONCURSOS como os diferentes STAKEHOLDERS (responsáveis, interessados, envolvidos) já lhe mostraram. E é urgente que o considere, Senhor Governante, quando os seus «queridos concursos» nos levam onde nos encontramos ... Mas pelos vistos é melhor «desistirmos do Senhor Ministro» e despendermos os esforços noutras direções ... E acredite que se lamenta.
Quanto a reuniões que não recusa: não desconverse, a iniciativa, em particular na circunstância, podia/devia partir do Governo. No caso do Ministério da Cultura. Mas o seu discurso, Senhor Ministro, já não surpreenderá ninguém. Todavia, é de ter presente, as palavras conforme elevam também abatem ...
E a propósito:
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