sexta-feira, 9 de junho de 2023

BENTO DE JESUS CARAÇA |«a cultura integral do individuo»

 

 
SINOPSE 
«Texto proferido por Bento de Jesus Caraça, em conferência de 1933 e publicado em 1939 nos Cadernos Seara Nova, tem como vocação expor a grande tarefa da sua geração: despertar a alma colectiva das massas.
Este ensaio reivindica a cultura para a colectividade inteira, único meio para o despertar da consciência da humanidade sobre si própria. Afirmar a cultura como problema central do nosso tempo foi tão urgente em 1939 quanto hoje».
Saiba mais.

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Sobre o livro no Avante! desta semana:

«A Cultura Integral do Indivíduo continua a ser problema central do nosso tempo

Manuel Rodrigues

Bento de Jesus Ca­raça iden­ti­fi­cava a cul­tura como a ver­da­deira li­ber­dade

Faz agora 90 anos que Bento de Jesus Ca­raça pro­feriu a con­fe­rência «Cul­tura in­te­gral do in­di­víduo – pro­blema cen­tral do nosso tempo». Uma Con­fe­rência in­se­rida em todo um pro­cesso de luta pelo acesso do povo ao en­sino, à cul­tura, à li­ber­dade, de que Bento de Jesus Ca­raça foi in­can­sável im­pul­si­o­nador como in­te­lec­tual, ci­en­tista, pe­da­gogo, pro­motor da edu­cação e ins­trução po­pu­lares, lu­tador an­ti­fas­cista, mi­li­tante co­mu­nista.

 De facto, Bento de Jesus Ca­raça des­pontou como jovem aca­dé­mico em plena época de as­censão do re­gime fas­cista por­tu­guês, ter­rível tempo de culto e pro­moção de um obs­cu­ran­tismo in­com­pa­tível com a pos­tura de um in­te­lec­tual de novo tipo.

Foi neste con­texto po­lí­tico que se ma­ni­festou a sua grande pre­o­cu­pação com a cul­tura, que iden­ti­fi­cava como a ver­da­deira li­ber­dade, na sua ânsia de con­tri­buir para a for­mação de um pro­le­ta­riado edu­cado e culto, tendo plena cons­ci­ência dos seus di­reitos e de­veres, em suma, com cons­ci­ência de classe.

A sua con­cepção de cul­tura, alheia a todo o eli­tismo e ra­di­cal­mente de­mo­crá­tica, viria Bento de Jesus Ca­raça a ex­pli­citá-la desta forma nesta Con­fe­rência, quando se in­ter­roga «o que é o homem culto?» e res­ponde que este:

«1.º – Tem cons­ci­ência da sua po­sição no cosmos e, em par­ti­cular, na so­ci­e­dade a que pertence;

«2.º – Tem cons­ci­ência da sua per­so­na­li­dade e da dig­ni­dade que é ine­rente à exis­tência como ser hu­mano;

«3.º – Faz do aper­fei­ço­a­mento do seu ser in­te­rior pre­o­cu­pação má­xima e fim úl­timo da vida.»

Su­blinha, no en­tanto que, para que o homem possa tri­lhar a senda da cul­tura, é in­dis­pen­sável que ele seja eco­no­mi­ca­mente in­de­pen­dente. O pro­blema eco­nó­mico – in­sistia – é, de todos os pro­blemas so­ciais, aquele que tem de ser re­sol­vido em pri­meiro lugar. (...)».

 


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