A verdade dos factos: estamos rodeados de «centenários». Em torno de figuras que se destacaram e isso mesmo se quer assinalar. Muitos são os jeitos de o fazer, o que dependerá da filosofia de quem promove e dos recursos de que disponha. Ilustremos: Natália Correia; Dias Coelho; Madalena de Azeredo Perdigão; Eugénio de Andrade; Mário Cesariny ...Só o facto de não se esquecer já vale a pena. Dignifica-nos. Reviver a obra ou com ela contactar pela primeira vez é razão de monta. Ponderar aqueles percursos de vida torna-se obrigação. E amiúde prazer. Acontece que nem sempre há MEMÓRIA.Muita já se perdeu, outra estará escondida na desorganização que atravessa a nossa ADMINISTRAÇÃO. E vamos desperdiçando testemunhos, pela lei da vida. Temo-lo assinalado em particular no que diz respeito ao universo MINISTÉRIO DA CULTURA. Sabe-se, através de conversas públicas a que se vai assistindo que a Academia desencadeia projetos para colmatar tais lacunas. Em parceria com esta ou aquela entidade - publicas e privadas. Necessariamente, louvável. Mas tudo atomizado: faltará élan de comunidades/orgãos/colectivos/... com responsabilidades enquanto serviço público, que garantam rigor técnico (só possível com equipas multifacetadas) e rendibilizem financiamentos. Estes empreendimentos para serem bem feitos são caros. Facilmente se encontram investigadores/as que antes de «investigarem» têm de fazer o trabalho que competiria aos serviços. Quiçá, nisso se esgotam! Objetivamente, há que considerar a memória do passado (sim, mesmo antes da generalização das tecnologias de informação e comunicação) e a que devíamos estar a construir, de forma natural, no desenvolvimento normal do trabalho de cada um. Num tempo em que o papel já não domina, e os documentos nascem digitais: em formatos vários. E nisso nada será como dantes. ( E pode trazer-se para aqui o que veio para a praça publica quanto à informação que apenas estaria no computador de um Adjunto). Ó Deuses!, será que não valeria a pena que alguém nos fizesse um PONTO DE SITUAÇÃO sobre o que se passa nos ARQUIVOS/CENTROS DE DOCUMENTAÇÃO/SISTEMAS DE INFORMAÇÃO do quotidiano das nossas Administrações? E insiste-se, dada a vocação deste blogue: digam-nos da área CULTURA. Em particular da DGARTES e organismos que a antecederam.
Bom, tudo isto, neste momento, foi despoletado pelo que se leu no livro seguinte, publicado a propósito do centenário de Madalena de Azeredo Perdigão, a que já nos tínhamos referido neste post.
Pode ler-se na Apresentação: «(...) Por outro lado, na antologia de textos de sua autoria que agora apresentamos há pelo menos dois hiatos significativos. O primeiro provém da circunstância de que toda a documentação relativa à Comissão Orientadora da Reforma do Ensino Artístico, a que presidiu entre 1971 e 1974, se encontra presentemente inacessível, integrando a parte do arquivo histórico da Escola de Música do Conservatório Nacional que foi encaixotada e depositada em instalações temporárias quando o velho convento da Rua dos Caetanos entrou finalmente em obras de restauro não se podendo neste momento sequer prever quando voltará a estar disponível para investigação. (...)».
Foi neste ambiente, e sabendo-se da sua existência, que andámos à procura da brochura da imagem inicial. Depois de muitos esforços lá encontramos o que acima indicamos, recorrendo-se ao nosso exemplar. Passou-nos pela cabeça que era capaz de se justificar a sua digitalização para ser divulgada na internet.
E voltamos à nossa, Senhor Ministro da Cultura: com muito ou pouco tempo na Governação, o que nos diz a toda esta problemática? Por exemplo, seria interessante disponibilizar memória sobre o que foi acontecendo de domínio Estatal, nomeadamente na DGARTES, ao mesmo tempo que coisas vibrantes (porque se corriam riscos?) se viviam no ACARTE da GULBENKIAN. E avaliar da forma como mutuamente se influenciaram. Outra, saber do passado do Ministério da Cultura/Secretaria de Estado da Cultura no ensino artístico. E do trabalho dirigido especialmente à Infância e Juventude ...
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Tentando sumarizar - como se tal fosse possível! - centenários e afins podem ser processos de aprendizagem mas têm de ser trabalhados. E parece que muitos estão a desenvolver esforços com esse fim. Menos o designado Ministério da Cultura que porventura nem terá identificado o problema. Ah! havemos de voltar ao «150 anos ANOS DE ENSINO DO TEATRO» - há ali, a nosso ver, pensamento muito bem organizado ... A não desperdiçar. Sobre assuntos que continuam em agenda. Ou deviam estar. Faz parte da MEMÓRIA COLECTIVA.
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