segunda-feira, 28 de outubro de 2024

CONTINUEMOS COM O APARELHO ESTATAL DA CULTURA | O «Museus e Monumentos de Portugal (MMP)» lançou concursos para dirigentes de museus e a «despromoção» do «Museu de Arte Antiga (MNAA)» despoletou reações| O ARTIGO DE OPINIÃO DE RAQUEL HENRIQUES DA SILVA NO JORNAL PÚBLICO DEVIA SER DE LEITURA OBRIGATÓRIA POR QUEM QUER «REESTRUTURAR» | E NÃO SÓ MUSEUS ...

 

 
Excerto (o destaque é nosso):

«(...) A abertura dos concursos que estão a decorrer não foi acompanhada de reflexão conjunta nem de quaisquer esclarecimentos, por exemplo da razão de organismos que estão agregados (como Abade Baçal/Terras de Miranda; Museu Nacional de Arte Contemporânea/Casa Museu Anastácio Gonçalves, Museu Malhoa/Cerâmica/Nazaré) serem agora desagregados, embora alguns, como os vinculados ao Malhoa, estivessem em processo de transição para as autarquias. Estas decisões surpreendentes basearam-se na indispensável avaliação prévia do quadro institucional em que estavam a funcionar?
Mesmo em relação aos museus que têm a designação “nacional” é indispensável avaliar: os quadros de pessoal, as instalações, as colecções, as actividades, o número de visitantes, as parcerias, a obtenção de mecenato. Se essa indispensável avaliação fosse feita, creio que se concluiria que o MNAA deveria manter o estatuto que lhe foi tirado por debaixo da mesa de um edital de concurso.

O MMP entendeu nivelar por baixo a desconexa manta de retalhos dos museus que tutela, mas qualquer cidadão concordará que o procedimento deveria ser o contrário: assumir que há museus inviáveis (cujos directores pouco ou nada poderão fazer), que os outros têm de ser avaliados e, decorrente dessa avaliação, dotados dos meios para cumprirem os desígnios que melhor que ninguém os seus directores e/ou equipas enunciam. É o que o MNAA faz desde há vinte anos e merece alcançá-lo: autonomia de gestão, sobre orçamento adequado que, recorde-se, será sempre uma fracção mínima do que o Ministério da Cultura continua a entregar, todos os anos, ao Museu de Serralves e, mais recentemente, ao Museu de Arte Contemporânea de Belém».

________________

Sumarizando, não será ousado adiantar que  nos museus como em outros organismos do Ministério da Cultura fazem-se reestruturações «às cegas». Continuamos na nossa, quais os MODELOS DE REFERÊNCIA? E os processos. Quem se pronuncia, e como o faz, antes de chegarem à aprovação? Eventualmente, ao abrigo de uma GESTÃO PÚBLICA LEGALISTA  em alto grau, age-se assim : primeiro aprova-se, depois logo se vê ... E estamos nós com a geração mais preparada de sempre! Mostrem-no. Opinem sobre o que está a acontecer na Administração Pública. Ou será que não há preparação nestes domínios? Também aqui o que se deixa às gerações futuras é problemático.


Sem comentários:

Enviar um comentário