Parece que a discussão «está na rua». Já não era sem tempo! O mote anda à volta disto: «haver mais teatros nacionais». Recentemente demos conta desse fervilhar com este post:QUE BOM! | acompanhados na defesa de mais «Teatros Nacionais» ... . Agora, pegando na noticia da imagem, dado que no Elitário Para Todos temos acesso a informações «privilegiadas», ou seja, a gente que viveu, com intensidade, o que se passou na esfera do Ministério da Cultura/Secretaria de Estado da Cultura nos últimos 50 anos, retomemos algumas notas.
Valorizamos aquele «que se recomece a discussão». Sim, recomece. Por favor, não se parta do zero. Há passado. Por isso, a primeira coisa a fazer, é realizar um levantamento dos esforços havidos, indo lá longe, desde logo, ao Centro Cultural de Évora, depois aos Centros Culturais Regionais nos primeiros anos de Abril, passando pelos Centros Regionais das Artes do Espectáculo (CRAEs), «piloto», lançados no primeiro Governo Guterres, ao conceito das Unidades de Produção do Estado dessa mesma época - ONP Orquestra Nacional do Porto; TNSC Teatro Nacional de São Carlos; CNB Companhia Nacional de Bailado; TNDMII Teatro Nacional D. Maria II; TNSJ Teatro Nacional São João. Embora se perceba que são as «atividades teatrais» que estão a mobilizar é óbvio que os «nacionais» são válidos para todas as artes.
Na notícia reparou-se nisto:«No passado eram cinco os teatros municipais que passariam a nacionais, incluindo Braga e Viseu. “Chegou a estar no papel o centro regional das artes e do espetáculo de Braga, chegou a ser discutido mas acabou por não avançar”, disse ainda o encenador, na altura desafiado a escrever o que seria esse centro, um tema que terá sido discutido pela ultima vez há cerca de 25 anos». Mais:«Recapitulando a história, o diretor da CTB que tem o Theatro Circo como residência, admite que a passagem de teatros municipais a nacionais é reconhecer a importância de disseminar o serviço público das artes. “Portugal é completamente ao arrepio da Europa (e não falando do Leste porque o modelo é melhor), os países da Europa do sul ate à Alemanha têm um setor público muito abrangente. Portugal tem apenas os teatros nacionais do setor público e depois contratualiza com o teatro privado, como é o caso da CTB”, exemplifica». Pois é, temos mesmo de ir a o passado e trazê-lo para o presente. Recordar que, naturalmente, o EQUIPAMENTO era ponto de partida básico, mas o PROJETO ARTÍSTICO o determinante. Neste ambiente, é aconselhável retomar o estudo lançado com vista à criação de uma REDE NACIONAL DE ARTES que, se bem se lembra - chegou a ser público -, visava todas as artes, e o TEATRO, mais uma vez, em jeito «piloto», incluía CENTROS DRAMÁTICOS. Terá sido no tempo do saudoso Paulo Cunha e Silva, no então IA - e abrangia de início nessa modalidade BRAGA, AVEIRO, CALDAS DA RAINHA, e ALMADA. Pretendia-se diversidade.
Pois é, não se pode discutir «os nacionais» sem se debater o SISTEMA DAS ARTES na sua totalidade. A atomização das coisas é um dos nossos «pecados».
Neste panorama, é evidente que nesse tal levantamento se passará pela REDE DE TEATROS E CINETEATROS no tempo em que houve o célebre POC - Programa Operacional Cultura, de fundos comunitários, e do qual nunca se chegou a fazer o VERDADEIRO BALANÇO. Mas foi produzida muita documentação.
Ou seja, muito trabalho pela frente se quisermos desenvolver empreendimento sério, e que só o será se inserido num PLANO NACIONAL PARA O DESENVOLVIMENTO CULTURAL. É nossa ideia que todos nós saberemos isso, mas em grande medida «a tirania do curto prazo» tem levado a melhor.
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