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«A Cornucópia é um caso de amor ao teatro e o seu fim, a negar, seria o fim de um teatro que se tentou firmar num país que inscreve permanentemente o fácil — decisionismo, autoritarismo, em método — como meta de cozinhas imediatas e detesta o futuro se ele se apresenta qualificado e duro de roer, construção nada realizável por gesto administrativo, quando é feito de cumplicidades a estender, orgânicas articulações, entre gentes e território, por meio de exércitos de capitães — chateia a metáfora militar, mas Gramsci pensava além dela. (...)
Portanto um teatro, não esse que se assume como servo de um mercado inexistente por pura adaptação ao que os poderes querem ouvir dentro da ideologia bruxelense-americanizada, porque realmente têm a cabeça assim feita, mas o outro, intensamente humano e de “humorismo fora de tom” — Pirandello — anacrónico e inadaptado e por isso mesmo profundamente contemporâneo e humano — não fixas a realidade senão afastando-te dela, fora do seu tempo e do seu espaço, do seu tempo-espaço, noutro ponto da história e escapando a ser vítima das ilusões da estória. (...)
Caro poeta: o que o ministro tem de fazer só uma reforma profunda da estruturação do teatro em Portugal permitirá, desde o sistema concursal, sem rosto que o esclareça, plataforma electrónica sempre a cair no lugar do diálogo, profundamente restritiva até na exposição do que queres projectar e plena de repetições e imprecisões conceptuais — instrumento repressivo tal como está a funcionar — à identidade diversa de cada projecto numa convergência político-teatral capaz de uma ideia de país e gentes, territórios e assimetrias, desertos de iliteracia e acção cultural. (...)». Leia na integra.
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