Excerto:«(...)A exposição que agora se abre, combinando neste mesmo espaço um trajecto de 100 anos de luta do PCP neste distrito, que são também 100 anos de luta dos trabalhadores e do povo desta vasta Área Metropolitana de Lisboa, e uma exposição de artes visuais congregando três gerações de artistas de diversas concepções estéticas, eles também 100, é a concretização de uma feliz ideia que valoriza as nossas comemorações, ao mesmo tempo que se presta uma justa homenagem a todos os artistas que neste último século, incluindo nas difíceis condições do fascismo, se bateram pela conquista da liberdade e em defesa e valorização da democracia na nova realidade de Abril.
Uma feliz ideia que é coerente com o longo percurso do PCP em defesa do património cultural e da democratização da cultura, particularmente num tempo em que as actividades ligadas às artes enfrentam e se confrontam com os excessivos rigores do confinamento sanitário e as forças políticas da direita retrógrada agem para relançar o seu projecto autoritário e de regressão económica, social e cultural no nosso País. (...).
É um exposição que se realiza como todos sabemos num momento particularmente difícil para as artes e os artistas, cuja actividade tem sido fortemente condicionada.
Combater a paragem das actividades artísticas, assegurando os meios financeiros para que elas se possam até multiplicar com toda a segurança sanitária, tem sido uma preocupação do PCP e objecto de uma proposta, aprovada no Orçamento do Estado.
Mas os problemas com que os artistas são hoje confrontados não são o resultado apenas da epidemia. O surto do coronavírus evidenciou as enormes fragilidades estruturais do mundo do trabalho artístico e cultural.
O País tem vivido, na área da cultura como noutras áreas, um período marcado por uma acentuada elitização, privatização e mercantilização, em que a cultura é concebida como apenas mais uma área da actividade económica, centrada em torno das chamadas indústrias culturais. Uma opção que sucessivos Orçamentos do Estado acentuaram, ao substituir a presença livre e independente da criação pela resposta da monocultura dominante, numa sistemática fragilização do tecido cultural, um tecido cada vez mais vulnerável e precário, com novas limitações no acesso à criação e à fruição culturais.
Os resultados dessa opção falam por si. Portugal mantém um elevado grau de iliteracia, os públicos são em muitos casos reduzidos, a cultura que apela à inteligência, à sensibilidade, à reflexão crítica e à criatividade, é preterida pelo consumismo.
Na proposta do PCP para o desenvolvimento do País há duas preocupações, entre outras, às quais procuramos responder de forma inequívoca: uma primeira, é a necessidade de ter em conta a dimensão cultural do processo de desenvolvimento, e outra a necessidade de estimular as atitudes criadoras e a vida cultural no seu conjunto.
Há muito que o PCP vem chamando a atenção para a urgência de se romper com a política de direita de desresponsabilização e asfixia financeira, de esvaziamento e secundarização da cultura que temos vindo a assistir, com particular destaque na última década e meia.
Uma política que tem como objectivo substituir qualquer perspectiva de democratização cultural, comprometida com as aspirações de transformação, emancipação e liberdade dos trabalhadores e do povo, pela mercantilização cultural ao serviço dos interesses do lucro privado e de hegemonia cultural da grande burguesia, dos grupos monopolistas e das indústrias culturais por eles promovidas, num processo que condiciona e sujeita a criação das Artes nas suas multitudes aos seus critérios e interesses, escolhendo, seleccionando e excluindo também através dos mais diversos agentes no mercado – seja qual for o seu mérito – qualquer expressão artística que assuma uma visão crítica da realidade dominante.
Uma política assente igualmente numa crescente desresponsabilização do Estado, com a redução de meios de apoio ao desenvolvimento cultural, ao mesmo tempo que alimentava a ideia de que a solução reside no mercado cultural, colocando nas mãos de mecenas uma parte do financiamento da cultura.
É neste quadro que se encontram também as Artes Visuais, marcadas que estão, em geral, por esse processo de mercantilização e financeirização que precisamos de continuar a combater e superar. (...). Leia na integra.
E a exposição tem cuidado catálogo
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É na Gare Marítima de Alcântara em Lisboa| perto da estação de comboios de Alcântara| e há parques de estacionamento para quem for de carro | 11 a 30 ABR 2021 | das 15:00 às 20:00
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