Ontem fomos bombardeados com a notícia de que tinha havido uma reunião do Conselho de Ministros exclusivamente dedicada à Cultura e até teve local, digamos, simbólico: Convento de Mafra. Iamos ouvindo o que lá se tinha passado e não havia maneira de nos chegar algo novo. Procuramos o Portal do Governo - veja imagem acima - e confirma-se: os «milhões» continuam a ser os mesmos; o aprovado foi a formalização do que têm dito e repetido ao longo dos meses, com avanços e recuos, por força da intervenção do setor ... E à partida isso até nem seria mau, se fosse genuino, ou seja, se fizesse parte de um processo continuado, permanente e sistemático de construção de Politicas Públicas para a Cultura. Essa postura não existe, e continua tudo a ser «errático». Onde está um PLANO DE DESENVOLVIMENTO PARA A CULTURA E AS ARTES?, basta perguntar isto para percebermos de que estamos a falar... Quando é que o Serviço Público em Cultura e Artes tem o mesmo tratamento dos outros - como a Saúde, a Educação, os Transportes, os ... Bom, a Reunião do Conselho de Ministros teve um efeito verificável: oportunidade para a Senhora Ministra dar entrevistas e «melhorar a sua imagem» ... Desde logo, para além das palavras que lhe eram caras - «pela primeira vez», «inovador», ... - agora mais uma: «novidade» ... E até já parece ter nova postura face ao «1% para a Cultura». Ótimo*. Mas destaca, por exemplo, isto:
Como se este facto não fosse a prova provada da situação miserável em que o setor se encontra ... Pelo que já se viu, ouviu, e leu, apetece adiantar: ninguém pode ser o que não é ... Faz sentido, neste ambiente, que se mostrem outros lados, por exemplo: Plateia lamenta que Governo tenha aprovado estatuto sem concluir diálogo. A crónica seguinta que evidencia a «dimensão» dos milhões quando olhados em termos absolutos e não em função daquilo que verdadeiramente se necessita. Ou seja, é muito, é pouco, é o que precisamos? A pergunta que tanto se faz no Elitário Para Todos: como chegaram aqueles valores?
E tem cabimento voltar à sessão havida na Assembleia da República a que nos referimos neste post:
ONTEM NA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA | CULTURA | os apoios que parecem mais mas são os mesmos ...
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* Atualização - depois de se ouvir entrevista à TSF, conclui-se por falsa conclusão. A Ministra continua a ter os seus critérios «pessoais» para a leitura do Orçamento do Estado. Que variam conforme os interesses do momento, onde uma mesma verba pode contar as vezes que for preciso. Nas Obras Públicas; na Juventude; na Educação; na Coesão; no Turismo ... Ai!, a ORÇAMENTAÇÃO POR PROGRAMAS que falta faz nestas ocasiões ... Pelos vistos, para a Senhora Ministra da Cultura o que conta é a Área Cultura que faz coincidir com Ministério da Cultura (que verdadeiramente não existe, e o que vamos ouvindo só o atesta) ... Estará a Governante «confundida»? Não, que ideia! Nós os bárbaros é que não compreendemos estas abordagens ... Olhe que não! Olhe que não! Senhora Ministra, repetimos, sem se menosprezar, antes pelo contrário, o conceito e a operacionalização da ÁREA CULTURA - a sua transversalidade - quando se reinvindica o 1% é para aquelas actividades que estão na justificação da existência de um MINISTÉRIO DA CULTURA clássico. Dito de outra forma, contabilisticamente, em vez de 0,21% queremos 1%. No minimo, «a olho», dado a situação de que partimos, e para que haja MUDANÇA, «cheira-nos» que terá de ser muito mais. Aprendamos com os outros. Antevemos: a Senhora Ministra vai continuar com a dela, (e nisso parece que está a arrastar o Governo) e os demais a defender o que se aprende nas Escolas e é praticado de forma transparente por PAÍSES DE REFERÊNCIA ... E recomendado pelas Organizações Internacionais que nos deviam obrigar. E, salvo melhor opinião, bastaria respeitar o senso comum. A Senhora Ministra diz (disse na TSF) que ouve, mas não parece. Vai ouvindo tarde e a más horas ... E, objetivamente, é selectiva. Em suma, talvez se aplique: «Ministra de si mesma».
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