Ao lermos o artigo da Senhora Ministra uma conclusão se impõe: a senhora governante construiu um discurso para si, tipo redação, que é desmontado com duas ou três questões, começando por esta: onde estão os ESTUDOS em que assenta? Diz que tem suporte no que «ouviu» mas parece só a quem perguntou ... Dá ideia que desconhece os que têm demonstrado que o sistema de financiamento às artes está esgotado - é ler o que existe no espaço público mas também o que agentes culturais escrevem nos seus relatórios, o que vem da Assembleia da República, o que acontece «lá fora» ... O que a Senhora Ministra adianta, na essência, é mais do mesmo em termos de conteúdo e de forma... Mais parece «uma prova de vida».
Por outro lado, mostrem-nos o balanço, a «história», das questões enunciadas, a reflexão havida, e as alternativas daí decorrentes. Uma vez mais o que nos é dado ler esquece coisas como estas - estruturantes de primeiro nível:
- Qual o orçamento para a Cultura e como foi determinado
- Criação de um verdadeito Ministério da Cultura
- Refundação da DGARTES que permitaum sistema de informação que alimente o trabalho das Comissões de Acompanhamento, e antes disso as politicas públicas, e toda a atividade de quem esteja interessado;
- Contratos estáveis, são fundamentais, na esfera do serviço público, e, digamos, isso já está na lei, mas quais são os referenciais que o Ministério segue para dimensionar vencimentos? Deixa isso ao sabor «do mercado»?
- Ah, e temos a «Rede de Teatros e Cineteatros» - rede que nunca existiu, e qual será «a memória» que a Senhora Ministra terá do assunto? -, e mais do que uma Rede de equipamentos precisamos de uma REDE NACIONAL DE ARTES em que o projeto artístico seja o organizador. Recuperar o que já se fez neste dominio e com bons resultados é capaz de ser aconselhável ... De facto a pergunta é: qual o SISTEMA DE SERVIÇO PÚBLICO que o País quer para as ARTES. Quantos Teatros Nacionais; quantos Centros Regionais; quando Projetos Municipais; ...
- ... e podiamos continuar. Mas o nuclear já está escrito por aí, e se levantado, cruzado, reunido, .... faria o mapeamento (material e imaterial) de urgência necessário à situação. Claro, para isso é imprescindível haver serviços, quadros técnicos em número suficiente, métodos de trabalho modernos, ... E depois que os Governantes leiam. Bem sabemos, é dos tempos: começar do zero é mais fácil. Como se não houvesse passado.
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Mas Senhora Ministra da Cultura, há que fazer coisas ao mesmo tempo - o estruturante e o imediato - e pelos vistos não sabe isto: por mais que insista no que fez em ambiente de pandemia, falta dizer que profissionais da cultura continuam com fome, e continuam a ser necessárias MEDIDAS DE EMERGÊNCIA. Caso contrário quando chegarem as «medidas estruturantes» o deserto será a perder de vista.
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