quinta-feira, 29 de dezembro de 2022

«UM SECTOR PRECÁRIO»

 

Recorte do Jornal de Letras de 28DEZ2022

 

A crónica a que se refere a imagem faz um retrato sem retoques do estado a que se chegou nas Artes, e pelos vistos inesperado para alguns, sob o ângulo da Administração Central. E, necessariamente, há que mitigar a situação e reparar o que é possível - Senhor Primeiro Ministro, está à espera de quê? Agir, no mínimo, como aconteceu em 2018. O setor é tão frágil que será «criminoso» não atuar com carácter de urgência. Mas os problemas estruturais continuarão. E a crónica acima revela muitos deles. E para serem devidamente equacionados necessitam de olhares profissionais além dos vindos do designado setor que nem sabemos onde começa e acaba - mas qualquer que ele seja, serão fundamentais, necessariamente. Mas ilustremos o que nos ocorre:

- Não há júris, comissões de acompanhamento, sindicatos e afins, observatórios e equivalentes,   que substituam os SERVIÇOS  DO APARELHO ESTATAL, em particular do MINISTÉRIO DA CULTURA. Ora,  desde há muito, para o que aqui nos interessa, que não existem. Como aliás, lá atrás, o próprio PS assumiu. Mas até hoje nada fez para alterar a herança que os Governos PSD/CDS nos deixaram. Continua tudo na mesma, doença que se agrava à medida que não são acionados curativos.

- Indo diretamente aos FINANCIAMENTOS. Tem havido conversas, sugestões, quase cogestão, entre os Poderes e representantes do setor. E muito que é ignorado. Dando ideia que só se vê, ouve, e lê o que vai ao encontro de ideias que já se tenham. E daí a admiração perante a agitação provocada pelos resultados dos concursos - em 2018 um Governante chegou a dizer qualquer coisa como isto: mas o que é que querem se nós atendemos  a tudo o que queriam? Contudo o modelo dos apoios na essência não mudou - continua a acumular apoios e mais apoios,  (estilhaçados, como já alguém os designou), numa floresta de concursos em que nos perdemos. E agora, em paralelo, temos mais a intervenção  no âmbito da REDE DE TEATROS E CINETEATROS - ironia, acaba de se saber pela comunicação social que um beneficiado, no escalão mais elevado, acaba de abdicar do apoio. E alguns devem ter despendido tantos esforços em se movimentarem em tudo isto que já nem pedem alternativa. MUDANÇA haverá quando se definir o SERVIÇO PÚBLICO DE CULTURA, quando APOIAR for substituído por GARANTIR.

- A questão DEMOGRÁFICA também se sente nestes domínios. Não valerá a pena «tapar o sol com a peneira». Esse problema foi uma das questões óbvias em 2018 e continua a ser. Há um «conflito de gerações», e vai continuar enquanto não for refletida e não nos parece que seja resolvida apenas referenciada «à renovação do tecido cultural». Dá para tudo e para nada. Uma coisa é certa,  a fragilidade do setor leva a situações dos mais idosos que nos deviam envergonhar a todos. Mas os novos chegam cada vez mais cedo a essas situações miseráveis. Ora, um SERVIÇO PÚBLICO com REDES centradas na criação que cubram o PAÍS em todos os domínios artísticos será a melhor via para a intervenção do ESTADO. Sozinho e acompanhado. 

- E chegamos às VERBAS. E não há maneira de nos apresentarem contas. O que se praticava antes da TROIKA, e se já recuperamos esses valores. O que vem da DGARTES e o que tem saído do FUNDO DE FOMENTO CULTURAL - dizendo muitos (mesmo no Parlamento) que funciona como «saco azul». Os Financiamentos COVID mas que deviam continuar e que vieram, não se percebendo muito bem porquê, de outros ministérios. O que provem dos Fundos Comunitários e que devia entrar para os cálculos ... Ou seja, façam-nos um  RESUMO global com série longa. E a inflação, senhores!  E falem-nos do DESEJÁVEL, nomeadamente comparando com o que outros fazem. E aquela % dos aumentos maiores do que nunca será outra «história».  E lembremos: uma grande FATIA DO FINANCIAMENTO vem do que os PROFISSIONAIS DA CULTURA FAZEM DE FORMA GRATUITA.

Como se vê, tratar dos «CONCURSOS DE APOIO ÀS ARTES» exige que se GOVERNE  o MINISTÉRIO DA CULTURA mas que verdadeiramente não existe ... 

 

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Entretanto:


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