A notícia no Portal do Governo:«Novo Museu de Arte Contemporânea do CCB com quatro exposições
À Coleção Berardo, juntam-se as coleções Ellipse, Teixeira de Freitas e a de Arte Contemporânea do Estado
O novo Museu de Arte Contemporânea do CCB (MAC/CCB), em Lisboa, abre as portas este fim-de-semana. São quase nove mil metros quadrados, onde pode ser visto o mais importante núcleo internacional de obras produzidas desde o modernismo, no contexto português, com obras da Coleção Berardo, da Coleção Holma/Ellipse, da Coleção Teixeira de Freitas e da Coleção de Arte Contemporânea do Estado (CACE).
Nas galerias do novo MAC/CCB, à "Coleção Berardo: Do primeiro modernismo às novas vanguardas do século XX", juntam-se três novas exposições:
· "Atravessar uma ponte em chamas", da artista belga Berlinda de Bruyckere, que poderá visitar até 10 de Março de 2024;
· "Ou o desenho contínuo", com os desenhos do colecionador Teixeira de Freitas, disponível até 24 de Março de 2024;
· "Corpo, Objeto, Espaço - A revisão dos géneros artísticos a partir da década de 1960", a nova exposição permanente que inclui obras da Coleção Berardo, da Coleção Holma/Ellipse, da Coleção Teixeira de Freitas e da Coleção de Arte Contemporânea do Estado (CACE). (…)». Leia na integra.
De lá:«(…) Em parte alguma, um
edifício com a escala monumental do CCB e com os seus custos pode afirmar a
condição de desleixar a arte moderna e querer ser um “MAC”. Os grandes espaços
comparáveis nas grandes capitais dispõem de acervos da modernidade clássica e percorrem
todo o século XX, e por isso mobilizam permanentes fluxos de visitantes.
A "arte contemporânea" não vende. Museu António Costa também não.
3. Não é por acaso que o logo e o design são muitíssimo maus, vazios de
referências ou significado. Desde o inicio do ano que (eles, Costa e Adão e
Silva) não acertam, estragam. As artes plásticas ou visuais, que se chamavam
belas-artes, não são com eles e não perguntam
4. Chama-se-lhe MAC em concorrência com o Museu do Chiado, assim inaugurado em
1994, mas que passou a identificar-se depois, insidiosamente, como MNAC (Museu
Nacional de Arte Contemporânea), que obviamente não é. A concorrência entre MAC
e MNAC não é explicada, nem é verosímil, mesmo que a directora Emília Ferreira
acolha agora o Tony Cragg a custo zero. O Convento de São Francisco onde reside
é ignorado e o Museu do Chiado é deixado sem meios para expor e alargar a sua
colecção (vai ter obras em 2024?). Aliás, a dispersão da colecção do Mario
Teixeira da Silva pelos herdeiros, apesar de prometida ao Chiado, podia ter
sido ou ser ainda travada, se houvesse políticos interessados.
E veja-se que também em Belém não interessam ao Governo os Museus de Etnologia
e de Arte Popular, em lugares privilegiados e com patrimónios únicos. Não há
políticas para o sector dos museus, e estes são substituídos por uma aleatória
e suspeita "colecção do estado", largamente contestada. A recente
reforma institucional não tem conteúdo.
C. Não é embirração, é que tudo é muito mal pensado e pior feito
no museu imposto por António Costa, cuja cultura artística é proverbial. De
facto, é positivo que se tenha querido manter em destaque, numa 1ª exposição de
continuidade, o nome do coleccionador e patrono Berardo, que não deixou de ser
uma "marca" reconhecida e eficaz - no CCB e nos outros museus com o
seu nome, dos Azulejos em Estremoz e da Art Déco em Alcantara, etc.
E é a sua colecção, arrestada e a aguardar sentença dos tribunais, à espera de
ser reavaliada e de haver decisão sobre o seu futuro (dividida entre os bancos
e o proprietário, adquirida pelo Estado, fixada por acordo em Belém ou em
Azeitão por desacordo?)..., é a Colecção Berardo que continua a constituir a
base e o valor do Museu, com ou sem o seu nome. Ela cobre todo o século XX e
entra no XXI, sem que nunca haja colecções completas - não é a colecção Elipse
do extinto Rendeiro/BPP que traz o séc. XXI, isso é mentira. Há anos 1990 e
2000 na Colecção Berardo, já com compras de J.F. Chougnet, e a Colecção
Rendeiro fina-se na mesma década.
Entretanto, tem de dizer-se que a arrumação das duas exposições
anunciadas é conceptual e cronologicamente errada, absurda.
O título da 2ª exposição seria próprio de um trabalho escolar ou comunicação
académica, nunca de uma mostra oferecida a um público alargado. "Revisão
dos géneros artísticos" é conversa de mau professor, que subordina a
individualidade dos artistas e a identidade das obras a uma catalogação por
géneros, tipos e escolas: as obras que importam escapam-se a classificações de
géneros e estilos, as outras, as obras menores, ilustram categorias e
problemáticas. "Objecto, corpo e espaço" só podem ser pistas redutores
para a observação-fruição das obras, são fórmulas áridas de análise escolar
como poderia ser o título forma, cor, desenho, tempo ou lugar....
Assim, com estas lições infelizes, a relação com a arte tem vindo a
degradar-se, entre a ignorância e os "eventos", entre a perda de
públicos e a proliferação de mediocridades (imersivas). Há por aí o gosto de um
administrador-programador-curador-anónimo que se identifica como Delfim Sardo,
personagem de longa sobrevivência que em 2006 já fora forçado a abandonar o
lugar de director do centro de exposições. O CCB secava e empobrecia sob a sua
tutela, mas esqueceram-se. (…)». Continue.
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