sexta-feira, 13 de outubro de 2023

LUÍS RAPOSO |«O património cultural e os equívocos do localismo»|E AS REFLEXÕES SOBRE «DESCENTRALIZAÇÃO» E «DESCONCENTRAÇÃO» A QUE O ARTIGO NOS LEVA

 

 
 
 
 
 
Um excerto:
 
«(...) Mais interessante será a análise técnica de benefícios e custos neste domínio. Há mais de quatro décadas, identifiquei, entre outros, as seguintes vantagens da conservação patrimonial in loco: contacto empírico imediato com os vestígios do passado e o seu entorno, possibilidade de “recriações” históricas e ambientais, re-funcionalização de espaços antigos e desenvolvimento local. Mas registei também algumas desvantagens: dificuldade de conservação dos vestígios e impacte negativo dos visitantes, sobretudo do turismo de massas, reconstruções pesadas e discutíveis, difíceis acessos e sobretudo a ilusão de “ver o passado tal como era", uma infantilização colectiva que poderia chamar de “síndrome do mundo Disney", ou seja, a captura da história e da sua complexidade pelo espectáculo da fast-food e dos luna-parques.
Estas desvantagens constituem, em imagem de espelho, as vantagens dos museus: contacto com o original em condições ideais de fruição (iluminação, informação, etc.), elaboração de visões de síntese, boa localização e prestação de serviços complementares (desde laboratórios e bibliotecas até lojas e restaurantes). Todavia, os museus apresentam também as suas fraquezas, entre as quais as da descontextualização ou acumulação de colecções, tanto em exposição como em reservas. (...)».

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Como nos habituou, Luís Raposo, «a propósito  da possível trasladação dos restos mortais de Eça de Queiroz para o Panteão Nacional», traz-nos um artigo de uma utilidade óbvia, e que nos podia/devia levar a discussão prévia à descentralização/desconcentração nesta ou naquela área na esfera da cultura. Neste momento, a «confusão» é mais do que muita: dos conceitos à operacionalização.E uma vez mais falta memória. Tudo começará por responder a esta questão para cada domínio: o que compete ao CENTRAL, ao REGIONAL, e ao LOCAL. E o porquê. Ou seja, à luz da CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA  produzirmos uma DELIMITAÇÃO DE ATRIBUIÇÃO E COMPETÊNCIAS que seja de facto «farol» é fundamental, a partir do que existe, necessariamente Depois, logo se encontrarão quais os SERVIÇOS e o MODO DE FAZER: autonomamente a cada nível; em parceria entre eles; e com outros ... Com este referencial, por exemplo, a Rede de Teatros e Cineteatros, era capaz de ter avaliações outras ... Impondo que se explicitassem ALTERNATIVAS. Ah, ainda recentemente, alguém do Aparelho Estatal central dizia qualquer coisa como esta a propósito da RTC: pela primeira vez a DGARTES está  a apoiar as Autarquias ... . Pois é (é a tal memória), isso «era proibido» por lei, havendo justificação cultural por trás ... Continuando a conversar e já que estamos em processo de discussão do Orçamento do Estado: em vez daquele aparato concursal, por que não aumentar as TRANSFERÊNCIAS  para as Autarquias?, ( se queremos utilizar o termo, verdadeira descentralização) -, e até se poderia determinar um valor para a atividade dos tais Teatros e Cineteatros, ( já agora, e lembrando-nos de Paulo Cunha e Silva, que designação mais datada!). Também aproveitando o momento, será de responder a questão que tanto temos lembrado: porque se acabou com os CENTROS REGIONAIS DAS ARTES de iniciativa do CENTRAL?, e se mandou tudo para a floresta de concursos que nos rodeia? Está estudado, o ATOMIZADO não responde às exigências dos tempos que correm ... Enfim, onde nos leva uma artigo de Luís Raposo...

 
 

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