Começa assim:«É com profundo pesar que o Secretariado do Comité Central do Partido Comunista Português informa do falecimento de Maria Margarida Carmo Tengarrinha.
Nascida a 7 de Maio de 1928 em Portimão, Margarida Tengarrinha, desde jovem, participou nas lutas estudantis de 1949 e 1954 em Lisboa, tendo sido membro da Direcção Universitária do MUD Juvenil.
Participou nas Exposições Gerais de Artes Plásticas, tendo sido expulsa da Escola Superior de Belas Artes de Lisboa – ESBAL, pelo papel desempenhado na direcção da luta pela Paz aquando da reunião da NATO em Lisboa em 1952.
Participou no Congresso Mundial de Mulheres realizado em Copenhaga, em 1953, e em 1963 em Moscovo. (...)».
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Veja:
«Morreu Margarida Tengarrinha, resistente antifascista e militante do PCP»
E façamos uma visita ao blogue Silêncios e Memórias. Do que lá podemos encontrar nomeadamente referenciado à obra acima: «(...)A Autora descreve a passagem de testemunho da “oficina de falsificação”,
ao fim de seis anos, para o engenheiro Júlio da Conceição Silva Martins, barbaramente
torturado e um dos obreiros da Reforma Agrária, e da mulher Natália David e,
depois daquela ter sido descoberta pela PIDE, o recomeçar com Américo Leal,
sendo que Margarida Tengarrinha, a quem tinham acabado de assassinar o marido,
era a única com conhecimentos técnicos para montar uma outra, o que fez antes
de partir para um exílio de seis anos em Moscovo (1962-1964) e Bucareste
(1964-1968).
Para além de episódios vividos com dirigentes históricos comunistas, como Álvaro Cunhal, Aurélio Santos, Francisco Miguel (inesquecível a parte em que este ensina a filha Guida a “fugir” do seu parque de grades de madeira), Joaquim Pires Jorge, José Vitoriano, Júlio Martins, Manuel Rodrigues da Silva, Maria da Piedade Morgadinho ou Sérgio Vilarigues, talvez o contributo mais relevante para a historiografia da resistência seja precisamente a visibilidade que dá e a “admiração, amizade e gratidão” [p. 17] que presta a muitos dos quase anónimos que estiveram, em cada lugar e no momento certo, (sempre) ao seu lado e do colectivo partidário no combate antifascista.
Para que não sejam esquecidos, perpassam pelas Memórias de uma falsificadora, entre muitos outros, o casal de operários agrícolas do Couço Maria Gracinda e Joaquim Almas Nunes, este a trabalhar na construção civil do Porto, em cuja casa, na aldeia de Fontelos, Margarida Tengarrinha viveu e trabalhou na redacção e arquivo do Avante! entre 1968 e 1974; os tipógrafos do Porto, Maria Fernanda Silva e Carlos Pires (recentemente falecido), e os de Lisboa, Maria Júlia e Raúl Costa; os médicos, médicas e parteiras/enfermeiras que ajudaram as parturientes clandestinas (Cesina Bermudes, Ferreira Vicente, Lúcia Terlô, Maria da Purificação Araújo, Olívia Vasconcelos, Pedro Monjardino); Maria Helena Magro, companheira de Joaquim Pires Jorge, faleceu no hospital de uma gravidez de alto risco (Dezembro de 1956) e com quem mantivera troca de correspondência, apesar de não se terem conhecido pessoalmente; o casal Palmira Castro e Fernando Sampaio e Castro, cuja casa, em Leça do Balio, era um ponto de apoio seguro; o casal Leonor Oliveira e António Alfredo Paiva Nunes que a receberam quando teve de abandonar repentina a casa, na sequência do assassinato do companheiro; e os sempre pouco falados/esquecidos/ignorados/silenciados pais, mães e avós dos clandestinos e presos políticos.
Como refere Margarida Tengarrinha, aqueles “nunca estiveram presos, mas ninguém como eles conheceu todos os caminhos que levavam aos cárceres políticos, desde o Aljube e Caxias à prisão da PIDE na Rua do Heroísmo no Porto, da Fortaleza de Peniche até ao longínquo Tarrafal” [p. 161]. Não estiveram presos e não foram torturados, mas passaram pelos mesmos constrangimentos ditatoriais ao apoiarem os familiares detidos e torturados. (...)».
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