segunda-feira, 30 de outubro de 2023

«temos um Brecht em Almada» | Tudo certo?

 


«Brecht escreveu Schweik na Segunda Guerra Mundial em 1943, quando estava exilado nos Estados Unidos. O dramaturgo não inventou de raiz o seu protagonista: inspirou-se na obra-prima satírica do romancista checo Jaroslav Hasek, O bom soldado Schweik, cujo herói se tornou num símbolo do absurdo da guerra. No romance de Hasek, publicado entre 1921 e 1923, Schweik caracteriza-se tanto pela sua ingenuidade, no sentido que Voltaire lhe deu, como pelo seu optimismo, humor e zombaria. Brecht interessou-se desde cedo por esta figura altamente subversiva. Em 1927, Max Brod e Hans Reimann adaptaram o romance e apresentaram-no como peça de teatro em Janeiro de 1928, em Berlim. Nos anos 1932-37, Brecht e Piscator conceberam vários projectos cinematográficos para Schweik, os quais nunca foram concretizados, acabando o autor de Mãe Coragem por escrever a peça sozinho, sendo representada pela primeira vez em Janeiro de 1957, em Varsóvia, em língua polaca». Saiba mais.

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«temos um Brecht em Almada». E foi com estas palavras  que nos chegou a mensagem em jeito de lembrete de leitor e amigo do Elitário Para Todos. De facto, basta que seja um BRECHT - que SERVIÇO PÚBLICO DE TEATRO o pode dispensar? E lá marcamos uma ida em grupo ao Teatro Municipal Joaquim Benite. Sem pressa, o tempo em cena - 20 OUT a 19 NOV - o permite e dá para que se organize uma ida ao Teatro - em festa. E criar,  cuidar  e respeitar  os PÚBLICOS passará também por ali. E rendibiliza esforços vários coletivos e pessoais.

Entretanto, se quer saber da receção do espetáculo no site da CTA encontra material. E se valoriza a apreciação rápida, quem usa «estrelas» na critica  dá muitas:

 

 Veja neste endereço

Mas por aqui queremos  distinguir também o que mais acontece em torno de um espetáculo em PALCO no Teatro Municipal Joaquim Benite. Aliás, há no TMJB  rotinas virtuosas que todas as organizações ambicionam. Apetece dizer: faça-se benchmarking, ou seja, aprenda-se com as organizações da Cultura, neste caso com a CTA. E desta vez, por exemplo,  a edição  dos TEXTOS DE ALMADA a propósito da peça é particularmente estimulante:

 


E não esquecer as CONVERSAS COM O PÚBLICO:

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Mas não fiquemos por aqui, e  abençoado o espetáculo que nos leva a ampliar o seu universo, na circunstância  o «atual Brecht em Almada» levou-no mais longe: a passado distante, e a outro mais próximo que até nos poderá ter passado despercebido - o livro da coleção Ricardo Araújo Pereira:

 

Haverá gente que ainda não esqueceu este livro de bolso. 
 
 

«LIVRO DO ANO 2012 — PÚBLICO

As peripécias vividas pelo soldado Svejk, enredado nas aventuras e desventuras do seu regimento de infantaria em combate na Primeira Guerra Mundial, servem como pano de fundo à obra‑prima de Jaroslav Hasek, publicada originalmente em 1923. O tom satírico, aliado a um uso desenvolto e subversivo da língua – recorrendo a expressões obscenas, ao calão e a jogos linguísticos de sentido múltiplo –, são os instrumentos de Hasek para evidenciar o absurdo da guerra.
Romance picaresco por excelência, O Bom Soldado Svejk parodia, por um lado, a figura literária do herói e a austeridade burguesa da literatura oitocentista, e, por outro, a glorificação do nacionalismo e dos ideais militares. Svejk, o perfeito anti‑herói, guarda na memória um tesouro infindável de mirabolantes histórias que viu, viveu ou ouviu contar. Tragédias tão cómicas quanto terríveis, episódios burlescos de faca e alguidar, miséria, horror e violência, ao lado dos prazeres da vida e do encontro da consolação. Talvez seja a descrição da natureza humana o que faz deste livro um clássico da literatura universal. Jaroslav Hasek trata os grandes temas da – amizade, religião, morte – com a leviandade de que só os grandes escritores são capazes, porque domina magistralmente o artifício do humor. Assim se explica que o soldado Svejk, na sua costumeira ligeireza, evoque Shakespeare sem que nada se perca pelo caminho: «Como está a ver, senhor, há coisas entre o céu e a terra que nem nos passam pela cabeça.»

Primeira edição integral em português, numa tradução de excelência por Lumir Nahodil».

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 E temos mais esta memória:


                       «Ensaio da peça Schweik na Segunda Guerra      Mundial, de Brecht, com Raul Solnado| «Alexandre O´Neil 1975 – Escreve letras de canções para a peça Schweik na Segunda Guerra Mundial, de Brecht, encenada por Artur Ramos numa produção para a Companhia de Teatro da RTP, no Teatro Maria de Matos». Veja mais.

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Aqui chegados, tudo certo? Não,  não está ... E o texto do jornal Público toca na ferida - veja aqui:«Em tempo de guerra ser enguia (ou Schweik revisitado) -  (...) A presente produção da Companhia de Teatro de Almada, feita com meios limitados, consegue imprimir à peça um ritmo e uma leveza que fazem passar num ápice as duas horas de duração. Na verdade, a sétima cena, em que Schweik dialoga longamente na cela da prisão com uma multitude de personagens, foi cortada, salvando-se uma canção e uma versão instrumental da Marcha da Carneirada. Na última versão proposta por Eisler, a música conta com 25 números, entre canções, diálogos cantados e interlúdios instrumentais, quase à maneira de uma opereta; só que a sua realização integral teria implicado a presença de uma verdadeira orquestra, mais coro e solistas. Enquanto não chega o dia em que os orçamentos e as parcerias artísticas tornem isto possível, a opção de reter somente as 14 canções e de fazer reduções da partitura para um pequeno conjunto de câmara (arranjo de Jeff Cohen para clarinete, trombone, acordeão, percussão e piano) é muito compreensível. (...)».É isso, Senhor Governante da Cultura, é isso Senhor Primeiro Ministro, a EXCELÊNCIA AO NOSSO ALCANCE e ... Já agora, os cortes do tempo da Troika e o desastre dos concursos de 2018 já foram revertidos no caso da CTA? Pois é, cada caso é um caso, e quando não se pratica haverá erros que se prolongam porque se mete tudo no «caldeirão», sob a crença de que nada melhor que concursos... E  já se deve ter abandonado o conceito   de que cada PROJETO ARTÍSTICO É ÚNICO. Devemos ambicionar que seja «único». E isso deve merecer a atenção do ESTADO, nomeadamente através do Ministério da Cultura.Terminemos, com o fim da critica - boa critica - de Manuel Pedro Ferreira, no Público:
 
«Por todo o espectáculo, a Companhia 
de Teatro de Almada mereceu cada
 um dos amplos aplausos com que, na estreia,
 foi brindada pelo seu público».
 
 E não só na estreia, podemos testemunhar...



 

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