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Uma Campanha Eleitoral pode/devia constituir-se num processo transformador individual e coletivo.E os Programas dos Partidos peças fundamentais para discussão. Mas quem olha para esses documentos? Quem tem disponibilidade física e mental para isso? Facto: em particular, protagonistas do setor cultural e, em especial, os que atuam na esfera do Serviço Público vivem uma luta quotidiana de sobrevivência mergulhados numa «lotaria de concursos» que lhes garanta o financiamento avulso da sua atividade - dos que não desistiram. Mas os outros, os que atuam segundo as regras do mercado ( e isso não tem nada a ver com a designada mercantilização da cultura - as industrias culturais e criativas têm/devem ter o seu espaço com a mesma dignidade das outras) não têm vida melhor - os salários são o que sabemos, a precariedade impera - os jovens que o digam! E, contudo, esta GenteGente tem tanto a dizer ... E vai dizendo ... Até vai tendo visibilidade, mas não de forma continuada, permanente e sistemática ... Até porque a Comunicação Social em crise frente aos nossos olhos. Pode dizer-se que o Governo PS (o da maioria absoluta, mas também outros que o antecederam) ignoraram o setor e o que lhe foram prometendo num misto de arrogância e, ousamos, incompetência ... O ainda Governante da Cultura esgotou-se na preocupação de não «desvirtuar» o que encontrou ... Ainda se deve sentir em tirocínio (que praticamente assumiu quando chegou ao lugar), distante das ruturas a perpetuar com carácter de urgência. De há muito! Certamente que antes de sair da função ainda vai «tirar mais uns concursos da cartola». E os dias vão correndo - e o sol nasce e põe-se como habitualmente -, como se nada disso tivesse importância. Engano, o impacto dessa atuação vai-se entranhando nas nossas vidas, e fazendo estragos. A qualidade, ou a falta dela, é verificável. Para o mensurarmos - e isso devia ser feito -, senhores Governantes, exigimos, olhem para outros - e façam-nos o relato. Nesta atmosfera, temos de agradecer aos profissionais que nos vão garantido Oferta Cultural escapando à «tirania» como podem, e mostrar orgulho por Criadores, alguns geniais como sabemos, que vão trazendo o alento de que precisamos! E o financiamento que asseguram com muito do seu trabalho «gratuito» é um recurso que temos de reconhecer. Sim, outros já o fizeram e expressam a Rendibilidade do Gratuito. Pensando bem, até poderíamos adiantar que no nosso País o Estado é que é «subsidiodependente de profissionais da Cultura». E a pergunta, em jeito de admiração, ao SETOR: como conseguem!
Neste quadro, os Partidos têm tarefa hercúlea com os seus Programas: na conceção, produção e divulgação. Não podem ficar reféns dos «sound bites» que nos chegam pela televisão. Se assim fosse pouco - para não dizermos «nada» - ficaríamos a conhecer sobre a CULTURA. Ora bem, como se pode verificar pelo início deste post O Partido Comunista Português não deixou o assunto por «mãos alheias». E, neste particular, há ainda a acrescentar a intervenção do Secretário-Geral na apresentação do Programa - lá, em especial, o SERVIÇO PÚBLICO DE CULTURA :
Excertos: «(...)É um Programa sério e não mera propaganda para a caça ao voto. É um Programa que toma partido pelos trabalhadores, pelo povo e pelo País. Um Programa que submete de facto o poder económico ao poder político.
Um Programa e uma opção pelo trabalho, os salários, os direitos dos trabalhadores.
Uma opção pelo investimento nos serviços públicos, nas funções sociais do Estado, na Saúde, na Habitação, na Educação, na Ciência e na Cultura.
(...)Queremos, temos direito e foi com a nossa luta que construímos um País mais democrático.Um País mais democrático em todas as suas componentes, política, económica, social e cultural. (...). Um País mais democrático é um País onde o discurso de ódio, do racismo e da xenofobia, não tem lugar.Um País mais democrático exige a regulação democrática dos média, a valorização dos seus profissionais, a dignificação dos serviços públicos de comunicação social, contribuindo para o rigor, o pluralismo e a valorização da língua, da Cultura e da coesão social e territorial.Um País mais democrático exige o direito de todos à produção e fruição culturais.Exige um serviço público de Cultura, apoio às artes, valorização da língua portuguesa, assegurando 1% do Orçamento do Estado para a Cultura. (...)».
A nosso ver, um bom discurso. E nós por aqui gostamos de intervenções cuidadas. Aqui chegados, podíamos terminar o post. Mas apetece-nos referir que esta postura do PCP não é coisa de ocasião. Tem raízes profundas, e práticas nos nossos tempos consensualmente admiradas. Até podíamos no âmbito das Eleições refletir o seu Património - afinal, de todos nós - e começar por obras como estas, onde pensamento de excelência:
«Este ensaio reivindica a cultura para a colectividade inteira, único
meio para o despertar da consciência da humanidade sobre si própria.
Afirmar a cultura como problema central do nosso tempo foi tão urgente
em 1939 quanto hoje».+
«A Arte, o Artista e a Sociedade proporciona ao leitor uma viagem enriquecedora num dos domínios mais fascinantes e perturbadores da actividade humana».
E o PCP se quiser puxar «por galões» de hoje, até podia falar da Festa do Avante; de como trabalhou para que Almada ou Évora sejam cidades de Cultura ... Entre outras.
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E de repente - terá sido o «verde» da capa ? - O PROGRAMA ELEITORAL a pedir-nos que seja lido à luz do PARADIGMA «DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL» na formulação que com fundamento estruturamos e seguimos, ou seja, não se trata de «opinião» solta:
De facto, é generalizada a concordância sobre o papel da Cultura na vida de
cada um e da Sociedade e, sim, na Economia. Só falta agir em
conformidade, como quisemos mostrar neste post. E é isso, o Programa Eleitoral do PCP poderá ser assinalado pela centralidade que dá à CULTURA. Tem vida própria na sua interdependência do todo - e só assim NINGUÉM FICA PARA TRÁS. «Tudo está em tudo». Lá se dá conteúdo ao que Tolentino Mendonça tão bem diz em palavras que constam deste post:«A
CULTURA NÃO É UM LUXO _ Um dos perigos contemporâneos é a transformação
da cultura em indústrias de entretenimento recheada de produtos de
consumo rápido e sonâmbulo, capturada pelo simplismo dos modelos»
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E o Programa Eleitoral do PCP está povoado de esperança. Por exemplo: «Um País de esperança e de futuro exige a valorização da Escola Pública; A esperança no futuro constrói-se agora. É por isso urgente que se criem as condições para que os jovens cá estudem, trabalhem e façam as suas vida. Todavia não será de excluir que haja um «cansaço de esperança», para utilizarmos expressão que aprece no filme «As ervas secas», e nos tocou. Mas se soubermos ler o Programa Eleitoral do PCP confirmam-se as palavras de Manuel Gusmão ao referir-se ao seu Partido: “Nós somos a esperança que não fica à espera”. Sim, lá, no Programa, há propostas de estratégias e de ações de emergência que o mostram. Em especial para a CULTURA que aqui nos move. E de que precisamos, como de forma bela e forte nos diz - uma vez mais - Manuel Gusmão:
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