No Elitário Para Todos, só hoje se percebeu que aquilo da Gratuitidade nas entradas nos museus que encheu a comunicação social nos últimos dias não tinha sido declaração isolada do Secretário de Estado da Cultura, mas sim parte de uma longa entrevista dada em hórário nobre na SIC notícias ao jornalista António José Teixeira. E só hoje pessoal aqui do blogue viu todo o Programa. E aquilo merece reflexão, porque, embora não pareça para quem não viu, houve mais para lá da gratuitidade. Ora aqui vai dos nossos destaques:
- Desde logo, e usando linguagem futebolista, na primeira parte as perguntas do jornalista foram magnificas, depois houve um momento de grande trapalhada em que se confundiu empresa com entidade pública empresarial, em que não se contestou o uso da ACE agrupamento complementar de empresas à situação, em que não se sublinhou que os Teatros Nacionais têm a sua missão explicitada e fixada em diploma parecendo que o Senhor Secretário de Estado desconhece isso mesmo. Muito discutida em devido tempo. Como diz um leitor deste blogue, o jornalista que tinha estado tão bem começou a ficar pressionado pelo tempo e baixou na clareza. Mas na parte final voltou a estar em alta, o jornalista.
- Quanto ao Senhor Secretário de Estado, comentando avulso, aquilo da «lealdade» soou esquisito. Como se mede? Saberá o membro do Governo que há sistemas de avaliação em vigor na Administração Pública directa e «tutelada» (para utilizar linguagem na linha da sua), que assenta na fixação de objectivos claros e mensuráveis ou, pelo menos, verificáveis? De repente, ainda se pensou que em vez de «leal» iamos cair no «fiel». (Em tempos pela cultura, consta que alguém disse: «é incompetente, mas é-me fiel»).
- Depois, toda aquelas explicações sobre o que afirmou e que afinal não tinha dito, sobre o que a comunicação social sublinhou e não divulgou, sobre quem ouviu e quem lê enquanto opinião publicada, sobre quem o conhece ou não, pareceu em alguns momentos pior a «emenda do que o soneto», e noutros um grande desconhecimento da realidade, e noutros, com o devido respeito, no minimo, um pouco banal.
- Diz que aquilo que afirmou sobre os públicos não se aplica aos «grupos independentes». Mas como! então os públicos e as receitas geradas não são abrangidas pelos regulamentos em vigor? Veja só Senhor Secretário de Estado o que por exemplo está na legislação e a ser considerado: «Públicos alvo e iniciativas de captação e sensibilização»; «Receitas estimadas, tais como receitas próprias, e, devidamente comprovados, acordos de co-produção, patrocínios, mecenato e outros apoios e financiamentos».
- E depois diz que disse que a Cornucópia também é serviço público e que a Comunicação Social não o reportou. Pois claro que é, ( e de excelência diremos aqui no Elitário Para Todos), e nisso tem assentado todo o sistema de apoios, desde sempre. Para a Cornucópia e para todos os outros.
- Diz também o Senhor Secretário de Estado: «queremos discutir a missão dos Teatros». «Qual deve ser a sua natureza». «A sua missão deve ser discutida por todos». À partida, em teoria, não deve haver ninguém contra isto. Mas a dúvida inicial: o que é que está errado no que existe? Aquilo dos clássicos e dos contemporâneos, se bem nos lembramos, está lá fixado em forma de lei. Claro, depois tem de haver dinheiro para que a programação concretize o legislado.
- E queixa-se o Senhor Secretário de Estado de que se levantou «um grande burburinho». Está bem, mas quem começou? Com o devido respeito, mais uma vez, que é bonito, faz lembrar a história daquele «que matou o pai para dizer que é orfão».
E afinal podemos estar todos descansados porque o Senhor Secretário de Estado parece que disse que o que deseja é que se discuta, e que se calhar em algum momento o que disse até era para provocar. Nós aqui, como já se percebeu, também gostamos de discutir e até temos sugestões e propostas muito elaboradinhas. E muitos de nós cansados de estar sempre a começar do zero.
- Diz também o Senhor Secretário de Estado: «queremos discutir a missão dos Teatros». «Qual deve ser a sua natureza». «A sua missão deve ser discutida por todos». À partida, em teoria, não deve haver ninguém contra isto. Mas a dúvida inicial: o que é que está errado no que existe? Aquilo dos clássicos e dos contemporâneos, se bem nos lembramos, está lá fixado em forma de lei. Claro, depois tem de haver dinheiro para que a programação concretize o legislado.
- E queixa-se o Senhor Secretário de Estado de que se levantou «um grande burburinho». Está bem, mas quem começou? Com o devido respeito, mais uma vez, que é bonito, faz lembrar a história daquele «que matou o pai para dizer que é orfão».
E afinal podemos estar todos descansados porque o Senhor Secretário de Estado parece que disse que o que deseja é que se discuta, e que se calhar em algum momento o que disse até era para provocar. Nós aqui, como já se percebeu, também gostamos de discutir e até temos sugestões e propostas muito elaboradinhas. E muitos de nós cansados de estar sempre a começar do zero.
Sem comentários:
Enviar um comentário