quarta-feira, 27 de outubro de 2021

DA MESA REDONDA «A IMPORTÂNCIA DA CULTURA PARA A ECONOMIA» |«(...) Luís León rebateu afirmando que ou há de facto interesse das empresas em investir na cultura, ou não há benefício fiscal capaz de fazer alguma coisa, porque "o retorno não é suficientemente atrativo", já que esse apoio fiscal só se aplica às grandes empresas, e que representam uma minoria em Portugal.(...)»

 

 

Nem seria preciso dizê-lo, todos nós teremos ideia de que  a realidade está muito para lá do que a comunicação social (nomeadamente a generalista) põe em manchete. E isso acontece na vida da cultura e das artes. E muitas são «as coisas» que estão a acontecer: seminários, conferências, conversas, ... Desde logo, atestam défices de conhecimento e reflexão e temos de agradecer  aos seus promotores. A nosso ver, se olharmos bem, relacionam-se  com matérias nucleares que deviam estar a ser consideradas também noutras sedes - das ADMINISTRAÇÕES à ACADEMIA. Porventura a terem lugar próprio na DISCUSSÃO DO ORÇAMENTO. Sim, na discussão do orçamento se a LEI DO ENQUADRAMENTO ORÇAMENTAL fosse cumprida. Ah, em particular, se a ORÇAMENTAÇÃO POR PROGRAMAS fosse cumprida todo este debate em torno do ORÇAMENTO ANUAL ( e ninguém refere - ou só excepcionalmente alguém o lembra - que tem de estar inserido num ORÇAMENTO PLURIANUAL) teria outra qualidade e outra imersão na SOCIEDADE. É só ouvir um qualquer fórum na Rádio ou mesmo os debates na Televisão sempre com os mesmos que são especialistas em tudo ... 

E vem isto a propósito da «Mesa Redonda» a que se refere a imagem inicial. A pergunta singela: qual o PONTO DE SITUAÇÃO que o Governo faz do MECENATO? Que valores estão envolvidos? Quem dá e quem recebe? O que garantem? ... De certeza que nos vão atirar com os Benefícios Fiscais - sem contextualização ou argumento fundamentado -  e assim arrumam o problema ...

Soubemos da iniciativa   já depois de ter acontecido, e fomos em busca de saber mais, e é disso que a seguir se regista. 


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Sobre a «State of the Art», uma das organizações envolvidas, na internet encontramos isto: «Na State of the Art, acreditamos que a arte não deve ficar limitada aos museus ou teatros. Acreditamos fortemente que projetos culturais em centros comerciais e outros espaços públicos contribuem para melhorar a experiência dos consumidores, contribuindo para a educação da sociedade e a democratização da arte e da cultura em geral». Curiosamente, foi num Museu que a «mesa redonda» aconteceu. Naturalmente, a «State of the Art» tem toda a liberdade em utilizar na sua promoção as palavras com que mais se identifica, aos organismos públicos que a ela se associam já podemos pedir esclarecimentos ... mas adiante ...

 Necessariamente, o jornal NEGÓCIOS fez uma boa cobertura da iniciativa, mas escolhemos para trazer para aqui o que encontramos no semanário EXPRESSO:

 

 

De lá o seguinte (o destaque é nosso): 

 «(...)"Cada vez mais, as empresas percebem que o investimento na cultural tem retorno imediato, e as empresas portuguesas, bem como alguns particulares, estão cada vez mais alerta" para isto, afirmou o presidente do Conselho de Administração da Fundação Millennium bcp, António Monteiro, no primeiro painel da mesa-redonda, subordinado ao tema "Parcerias e inovação".

Na opinião de António Monteiro, o investimento em cultura tem reflexos imediatos em duas áreas: exportações e turismo, este último, "fundamental" para a economia. "Turismo não é só praia, temos de ter oferta qualificada e competitiva com países que têm a mesma oferta que nós, nomeadamente do sul da Europa", acrescentou.

 Pegando nesta mesma ideia, o presidente coordenador da Associação para o Desenvolvimento Económico e Social (SEDES), Álvaro Beleza, questionou quem é que vai a Madrid e não vai ao Museu do Prado, ou vai a Paris e não vai ao Louvre, para a seguir responder que "só um ignorante".

Esta provocação foi usada por Álvaro Beleza para argumentar que "um país que não cuida da sua cultura não tem capacidade atrativa para ter um turismo sustentável".

 "Lisboa tem uns museus interessantes, mas ainda estamos longe de competir com Madrid, Paris e Londres", afirmou, destacando que a "cultura sempre andou muito à volta do mecenato do Estado". Para o responsável da SEDES, "Portugal precisa de mudar a mentalidade, sobretudo no setor empresarial, e fazer o que faz o BCP e a CGD, mas também outras empresas".

Alguns dos principais problemas, na sua opinião, são uma carga fiscal sufocante e a inexistência de uma cultura de risco.

O cofundador da consultora fiscal ILYA, Luís León, defendeu que a economia precisa de "empresários virados para fora e não para dentro", portanto, para as exportações, e reconheceu que a grande dificuldade é o financiamento da cultura. "Com o dinheiro dos contribuintes é difícil. A dívida este ano está acima de 135% do PIB [Produto Interno Bruto], está pior do que o pior indicador do tempo da troika", afirmou.

Na sequência destas declarações, Álvaro Beleza considerou que é necessário fazer o que já fizeram outros com a dimensão de Portugal, como é o caso da Irlanda, da Lituânia, da República Checa ou de Israel, "pequenos países que tiveram políticas que geraram crescimento económico robusto. Na opinião deste responsável, importa aproveitar o momento atual, em que "o mundo está a descobrir Portugal", para "captar investimento estrangeiro".

 Uma economista do Ministério da Cultura que estava entre o público alertou para a existência de um regime excecional que aumenta os benefícios fiscais para os mecenas, se investirem na cultura.

Contudo, Luís León rebateu afirmando que ou há de facto interesse das empresas em investir na cultura, ou não há benefício fiscal capaz de fazer alguma coisa, porque "o retorno não é suficientemente atrativo", já que esse apoio fiscal só se aplica às grandes empresas, e que representam uma minoria em Portugal.

O diretor do Canal Cultura, Paulo Lavadinho, interveio para lamentar que o mecenato em Portugal seja "praticamente inexistente", acusando o Estado de, não só não facilitar, mas de criar obstáculo

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Para que não restem dúvidas: nada contra o Mecenato, mas no Elitário Para Todos defendemos que haja um SERVIÇO PÚBLICO NA CULTURA E NAS ARTES garantido pelo Estado, como acontece nos demais setores, que não fique à mercê de outros financiamentos. O mecenato que sirva para incrementar ... Em particular para diferenciar as Organizações do mundo dos negócios à luz do DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL.



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