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“Quando cheguei a Ensaio para Uma Cartografia, vinha contaminada por estas experiências com A Sagração da Primavera: foi através desta peça musical que iniciei o meu trabalho sobre dança e música clássica”, explica Mónica Calle ao PÚBLICO. “Agora volto aqui. De certa maneira, estes espectáculos sempre estiveram ligados.”
A encenadora volta a reunir um elenco extenso, com performers profissionais e não profissionais de idades, origens e profissões diversas, mas desta vez inteiramente composto por homens (são 17, ao todo). “É uma energia muito diferente da dos corpos femininos”, assinala. “Foi mais difícil encontrar o sítio certo entre a fragilidade e a força, até porque há todo um paradigma na construção da masculinidade
Continua a ser um trabalho “física e emocionalmente muito exigente”, nota a criadora. Um exercício em que a repetição de movimentos e a exaustão dos corpos nus funcionam, em transe e em luta, como portais, literais e alegóricos, para pensar sobre a fragilidade que dá lugar à resiliência, sobre as bifurcações entre vida e morte, sobre o sacrifício que se transforma em esperança, sobre o esgotamento como sinónimo de renascimento, sobre aquilo que acontece quando se deixa cair o ego. (...)
“À medida que vou envelhecendo, sinto cada vez mais forte em mim essa responsabilidade de devolver e deixar um futuro.” E esse futuro passa também pela forma como se lida com a produção artística. “Gostaria de continuar a desenvolver este projecto durante os próximos anos, transformando-o, aprofundando-o, fazendo um caminho conjunto com os intérpretes”, sublinha. “Acredito que, para se desenvolver um trabalho, é preciso tempo. É preciso esta ideia de os anos passarem.” O que vai ao encontro do processo em torno de Ensaio para Uma Cartografia, mas contra a máquina cada vez mais voraz das artes performativas.
“Sou pressionada no sentido contrário, mas estou cada vez mais convicta de que é isto que me interessa, não esta coisa de fazer, deitar fora, fazer, deitar fora, o que para mim é inócuo, e até obsceno, por causa dos recursos”, nota a criadora. Talvez por isso A Sagração da Primavera nunca lhe tenha saído da cabeça: pela “força motora” da continuidade e do renascimento».
Pois é, e como é que estas reflexões de Mónica Calle têm correspondência na intervenção do Estado na esfera do SERVIÇO PÚBLICO DA «DANÇA»? Mas podemos ser ainda mais básicos: quais são as Políticas Públicas neste domínio? Ainda, mais elementar, quais os serviços e técnicos específicos na DGARTES que fundamentem as decisões? Longe vão os tempos em que existiam ... Com pessoas conhecedoras e prestigiadas à frente ... Tem cabimento lembrar este post:
HOJE, EM LISBOA, NA CULTURGEST COMEÇA «UMA FESTA PARA GIL MENDO, O GRANDES ESPECTADOR» QUE VAI DURAR TRÊS DIAS | Associamo-nos sublinhando a sua participação na formulação de politicas públicas para a dança
Terminemos com a Mensagem para o DIA INTERNACIONAL DA DANÇA 2023:
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