«Imaginários coloniais: propaganda,
militância e “resistência” no cinema
Maria do Carmo Piçarra, Rosa Cabecinhas & Teresa Castro
O aniversário dos quarenta anos das independências africanas é o pretexto para
analisar como é que o colonialismo português tem sido imaginado através da imagem em
movimento. Nesta edição da revista Comunicação & Sociedade, a reflexão proposta pelos
ensaios reunidos sob o título Imaginários coloniais: propaganda, militância e “resistência”
no cinema é um contributo para o conhecimento dos homens e mulheres imaginados
através do cinema pelo (pós-)colonialismo durante e após o Estado Novo (1926-1974).
Note-se que, tanto em Portugal como noutros países europeus, são escassos
os estudos sobre como o cinema representou as ex-colónias. A escassez é, porém,
contrabalançada pelo facto de se tratarem de investigações recentes, denotando uma
tendência valorizadora desta pesquisa.
Em Portugal, iniciou-se o estudo histórico das representações cinematográficas
do colonialismo, sob a coordenação de Luís Reis Torgal, em O Cinema sob o Olhar de
Salazar (2000), um estudo que foi aprofundado por Jorge Seabra em África Nossa: o Império
Colonial na Ficção Cinematográfica Portuguesa (2011). No âmbito da antropologia,
editou-se Guia para os Filmes Realizados por Margot Dias em Moçambique, da autoria de
Catarina Alves Costa (1997), Alexandre Oliveira estudou Os Filmes de Ruy Cinnati sobre
Timor 1961-62 (2003) e A câmara, a escrita e a coisa dita... (2008) é incontornável para estudar
a obra filmada e escrita em Angola, por Ruy Duarte de Carvalho. La Collection Coloniale
de la Cinemateca Portuguesa, publicado por Joana Pimentel na FIAF nº64 (4/2002);
a obra, do investigador belga Guido Convents, Os Moçambicanos Perante o Cinema e o
Audiovisual: Uma História Político-cultural do Moçambique Colonial até à república de Moçambique (1896-2010) (2011); além da trilogia Angola, o Nascimento de uma Nação. Vol. I
O Cinema do Império; Vol. II O Cinema da Libertação e Vol. III O Cinema da Independência
(António & Piçarra, 2013, 2014, 2015) e Azuis Ultramarinos. Propaganda e Censura no Cinema
do Estado Novo (Piçarra, 2015) - este último com enfoque nas Ciências da Comunicação
- destacam-se na escassa bibliografia sobre cinema nas ex-colónias portuguesas». Continue a ler.
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