Jornal Público 14 DEZ 2020
Excerto: «(...)Mónica Guerreiro, que assumiu os desígnios do Coliseu Porto num ano pandémico, traçou este projeto-piloto com a NOS. A Ministra da Cultura elogiou a iniciativa e afirmou querer replicá-la noutros projetos. "Em 2021 vamos continuar no caminho de procurar parcerias como esta, com a NOS e outras empresas privadas. Neste caso, será transmitido o circo, mas pode alargar-se ao teatro, dança, ópera ou música", disse Graça Fonseca.
"Pretende-se alargar o número de parceiros com o objetivo de levar mais além, neste caso o espetáculo de circo, mas também outros eventos culturais, dinamizando as artes em todo o país", sublinhou.
O Circo do Coliseu do Porto 2020 conta com 87 artistas em cena, incluindo uma orquestra, mais 34 invisíveis, detalhou Mónica Guerreiro. "O espetáculo terá uma produção cinematográfica assegurada em várias sessões, para permitir uma transmissão com alta qualidade na rede de salas de cinema, que também enfrentam menos público e menos estreias", explicou a presidente.
Nos próximos três meses estão também apalavradas sessões deste projeto, no Coliseu, mas desta feita com teatro. (...)»
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Os recortes acima mostram-nos uma área de intervenção que exige uma Politica Pública. E, desde logo, não se conhece ninguém que não concorde com o registo para memória das artes do espectáculo postas em cena. Outra coisa é fazer um novo produto artístico a partir de uma exibição «ao vivo». Necessariamente, é de atender ao que sobre isso é dito no espaço público. Mas ouvir, ver e ler, o que se passa à volta não parece ser o forte dos serviços institucionalizados. Na Cultura, pelo que nos chega dos governantes e dos dirigentes por eles escolhidos, também não é prática saber o que já se fez e o que esteve programado fazer precisamente neste dominio de FILMAR. Pois é, Senhora Ministra, procure memória, nomeadamente na DGARTES, sobre o passado e quanto ao presente. E vai ficar admirada:vai ficar a saber que houve serviços, e, na altura, sim, verdadeiros «projetos-piloto» (onde de facto se fazia pela primeira vez), neste trabalho de filmar o que ia acontecendo, em especial do que era financiado pela Secretaria de Estado da Cultura/Ministério de Estado da Cultura. Houve tempo em que não havia «privados» que o fizessem e o «Estado» assumiu a sua obrigação ... Hoje é diferente, mas as coisas têm de ser feitas com «regras». Uma pequena nota: houve «filmagens» especialmente destinadas às Escolas. Onde estarão? Antevemos: a Senhora Ministra vai chamar à liça, uma vez mais, o Plano Nacional das Artes ...
Ainda, para essa Politica Pública, conviria fazer um levantamento daquilo que existe, para memória, realizado pelos Agentes Culturais. Muito se estará a perder. Para lá do que foi garantido pelos serviços.
Por outro lado, teremos de saber, para essa Politica Pública, que Produtos Culturais existem a partir desses Espectáculos ao vivo, começando pelas Unidades de Produção do Estado:TNSão João; TNDMII; São Carlos; CNBailado; Orquestras ... E isso poderia ser rendibilizado - através de organizações públicas, e privadas, como a NOS. E porquê a NOS e não outros operadores?
Ah, falta lembrar: esta actividade tem um custo. Também por isto o Orçamento do Estado para a Cultura tem de ser aumentado se queremos fazer algo em escala e de qualidade.
Mais uma vez: começar como se estivessemos no zero, não vale. E poupem-nos destas atividades «avulsas» e de expressões como «apalavradas» ... Haverá muita gente, gente, cansada ...Indignada. E se calhar a procurar outras alternativas políticas...
Ainda: talvez desse jeito ver o «que se passa lá fora».
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