«Celebrar os museus é sempre momento para reafirmar o seu lugar na sociedade.
Neste dia, 18 de maio 2021, museus e os seus profissionais em todo o mundo, os seus públicos e as comunidades em que estão inseridos, reúnem-se para festejar a universalidade da memória vivida e partilhada.
Cada momento enfrenta o seu desafio e o contexto atual exige dos museus particular ambição e arrojo, convidando a pensar o futuro dos museus e o seu papel nas nossas sociedades, reptos que o tema para 2021 espelha.
O ICOM define quatro grandes eixos de trabalho, transversais a diferentes realidades, universais na sua atualidade: a sustentabilidade, o ambiente, os novos modelos de gestão e a transformação digital.
Enquanto motores de mudança, os museus contribuem para promover o intercâmbio cultural, criando pontes e laços entre os povos.
Conscientes de que cada ser humano é portador de um património biológico, social e cultural, os museus são desafiados a reimaginar-se para contribuir de forma ativa na preservação dos elos da cadeia que nos une ao planeta.
Assumindo um posicionamento empenhado na implementação das metas de desenvolvimento sustentável das Nações Unidas, em 2021 o ICOM realça os eixos da educação de qualidade (4), do trabalho digno e crescimento económico (8), de cidades e comunidades sustentáveis (11) e da ação climática (13).
Em Portugal os desafios são idênticos, reforçados pelos muitos temas em debate, não só diretamente respeitantes à instituição museológica e aos seus profissionais, como relativos a assuntos que estão em discussão na sociedade portuguesa e de que, naturalmente, os museus não podem deixar de se fazer eco e ser espaço de diálogo.
Avolumam-se internacionalmente, já com conhecidos episódios em Portugal, movimentos que defendem leituras unívocas e exclusivas da herança social e cultural. Os museus devem garantir, na sua pluralidade e diversidade, que todas as visões e opiniões podem ser escutadas e debatidas, sem preconceitos.
Novas e antigas preocupações ganham novo fôlego, quando se acentuam insuficiências de há muito diagnosticadas e divulgadas e quando estão em curso e se anunciam alterações administrativas. Sabemos que os últimos meses marcaram tudo e todos de forma indelével e mudanças que se insinuavam, afirmaram-se definitivamente, designadamente o recurso a ferramentas digitais e a implementação de modelos de gestão melhor preparados para lidar com situações inesperadas. Simultaneamente, estes mesmos desenvolvimentos propiciam o avolumar das desigualdades e exigem que sejam pensadas e implementadas estratégias para salvaguardar a herança cultural e natural.
Os profissionais de museu e os museus são assim incentivados a, mais do que nunca, pensar e trabalhar com as comunidades em que estão inseridos, não enquanto pequenos micro cosmos auto centrados, mas como elos de uma imensa cadeia. A preservação da diversidade, em perigo no mundo natural, deve ser simultaneamente o desiderato das instituições de património cultural – é a diversidade que nos torna criativos, fortes, capazes de reconstruir mais que recuperar e de trabalhar ativamente para contribuir para uma sociedade mais consciente, mais equilibrada, mais justa e mais sustentável».
Maria de Jesus Monge
Presidente da Comissão Nacional Portuguesa do ICOM
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