terça-feira, 10 de maio de 2022

A PROPÓSITO DE RECENTES NOMEAÇÕES NA CULTURA | mais do que não começar do zero procede-se como se vinha fazendo ...

 

Chegámos à notícia da imagem pelos ALERTAS. Abençoada Internet! E a notícia é dada por outros orgãos de comunicação  social e em substância é tudo muito igual. E como podia ser diferente, se é uma notícia?, perguntarão alguns ... Bom, fomos à procura e no Portal do Governo encontrámos:

 Ministro da Cultura nomeia dirigentes da Direção-Geral das Artes (DGArtes) e da Inspeção-Geral das Atividades Culturais (IGAC) e designa Conselho de Administração da Fundação Centro Cultural de Belém

 Como se pode verificar está lá escrito: O Ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, nomeou o diretor-geral e subdiretor-geral da DGArtes e a subinspetora-geral da IGAC na sequência de concurso público desenvolvido pela Comissão de Recrutamento e Seleção para a Administração Pública (CRESAP). E isto destacado quererão, a nosso ver, que façamos  a seguinte leitura: vá, não comecem a dizer coisas, foi tudo feito como manda o figurino ... Porém, ao mesmo tempo, o pensamento que ocorre: uma vez mais a não respeitarem a nossa inteligência ...  E há um ficheiro que completa o comunicado que nos revela o que designam  por «PERFIS». E ficámos a pensar se a palavra deve ser mesmo PERFIL. (Mas adiante, talvez influência das redes sociais). E então o «perfil» do dirigente referido na noticia inicial é este:«Américo Jorge Monteiro Rodrigues (1961), mestre em Ciências da Fala e da Audição e licenciado em Língua e Cultura Portuguesas é, desde fevereiro de 2019, diretor-geral das Artes em regime de substituição. Coordenou os grupos de trabalho de revisão do modelo de apoio às artes, de regulamentação da rede de teatros e cineteatros portugueses (RTCP) e da implementação da rede portuguesa de arte contemporânea (RPAC), entre outros. Foi diretor artístico e programador do Teatro Municipal da Guarda (2005-2013) e coordenador-geral da Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço (2015-2018)».

Bem vistas as coisas, o que seria de saber, como tantas vezes temos mostrado neste blogue, é o PERFIL PARA DIRETOR-GERAL DA DGARTES. Assim, de repente, perante o referido no «Perfil» do nomeado, por conseguinte o valorizado, quem poderia competir com aquelas competências? Aquela experiência? É a prova provada de «regime de substituição» como tirocínio para um lugar ...

Da notícia do Público reparámos nisto: «Apesar de ter sido considerado um “procedimento concursal urgente”, o que levou a CReSAP a dispensar a habitual audiência de interessados, como se lê no site oficial daquele organismo, a nomeação chega quase um ano depois de encerrado o concurso». Mas a seguir também se pode ler: «A queda do Governo em Outubro último, após o chumbo do Orçamento do Estado, terá contribuído para o arrastar do processo». Com o devido respeito, a reação primeira que isto nos provocou: como disse?, poupem-nos!

Bem sabemos que há as questões editoriais, as agendas e afins, mas se não puderam por agora ir mais fundo - outros «temas» como agora  se diz se impuseram  - aqui fica a sugestão aos senhores jornalistas para este caso particular: fazer um levantamento e uma avaliação desde 2019 até agora na perspetiva do direito, da gestão de recursos humanos,  da igualdade de oportunidades no acesso a cargos públicos ... Mas esta dimensão só se entenderá olhando para a globalidade da DGARTES em termos do passado, do presente e do futuro.

Contudo o que a Comunicação Social faz  é lá com ela: liberdade antes de tudo! Já quanto aos Governantes a coisa «soa mais fino». Perante o que se conhece,  para já lembremos o que o Ministro da Cultura disse no artigo de opinião a que nos referimos neste post,  donde:



E podemos concluir que o Senhor Ministro «NÃO COMEÇA DO ZERO», vai mais longe, acolhe com ambas as mãos o que herda. E nós gostávamos saber ( a isso teremos direito) como o Governante formulou a sua decisão. Mas parece que o «tom» está dado: nada vai mudar! Volta PREMAC estás perdoado ... Isso de refundar a DGARTES, como prometido, pelo então candidato a 1.º Ministro,  era manifestamente exagerado ... O declínio continua ... E falar em SERVIÇO PÚBLICO DE CULTURA com a dignidade de outros setores parece uma miragem ... Até ouvimos que o Setor gosta de concursos ... Cheira-nos que o que o SETOR gosta é de «justiça». E todos nós gostaríamos de saber onde queremos chegar na CULTURA, e neste caso na esfera da DGARTES. E qual o Plano de Desenvolvimento para o efeito. E para isso para lá de Ministro da Cultura precisamos de um MINISTÉRIO DA CULTURA digno desse nome. E duma DIREÇÃO GERAL que não se esgote  «numa central de concursos».  E não precisamos começar do zero, Senhor Ministro, podemos começar partindo do que se passa «lá fora». Ah, e se organizar «memória» é capaz de haver com o que aprender com o que já se fez «cá dentro». 

Doutra forma nestes tempos de comemorações de Abril - do maravilhoso 25 ABRIL 1974 - teremos que evidenciar, como dizer,  «TRISTEZAS DE ABRIL»  com que  novas gerações nos estão a afogar ... Mas sejamos otimistas, em qualquer momento a mudança pode acontecer, até porque é principio defendido pelo atual Ministro da Cultura isto:«Não há boa governação com desconfiança face aos funcionários públicos e sem capacidade de auscultar aqueles a quem as políticas se dirigem». Só falta  agir em conformidade ... Não fechemos PORTAS QUE ABRIL ABRIU. E, lá longe, a Direção Geral de Ação Cultural foi também uma porta que Abril abriu. Uma boa ocasião para lembrarmos Ary dos Santos:

 


 


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