«(...)Portugal é um país pobre, pouco desenvolvido, muito inculto, pouco cosmopolita e não me é indiferente que seja assim, e eu prefiro quem o diz com clareza e não anda com a boca cheia de “transições digitais” e outros slogans da treta do “politiquês” actual. Tudo isto é ainda verdade, embora os últimos quase cinquenta anos de democracia tenham melhorado de forma drástica todos estes parâmetros, e tenha havido um progresso muito significativo, a partir de uma situação em que a pobreza era muito maior, o analfabetismo, a mortalidade infantil, o provincianismo e, valor dos valores, em que não havia liberdade e éramos servos de uns senhores muito bem vestidos e bem-falantes (havia excepções) e umas senhoras de cabelo com o colchão do Nicolau Tolentino dentro. Houve uma verdadeira revolução nestes cinquenta anos, mas estamos ainda muito longe de deixarmos de ser pobres, atrasados, incultos e provincianos. E, nalgumas coisas, estamos mesmo a andar para trás, principalmente nos valores da sociabilidade e na cultura.
domingo, 29 de maio de 2022
PACHECO PEREIRA |«(...)E, nalgumas coisas, estamos mesmo a andar para trás, principalmente nos valores da sociabilidade e na cultura. (...)»
Não vale a pena estar a falar da evidência da pobreza. Antes das prestações sociais, e mesmo depois, metade dos portugueses é pobre. Mas a pobreza não entra verdadeiramente no discurso político.
Enganados pela jactância da “geração mais bem preparada”, onde se pode fazer um curso universitário sem ler um livro, entregamo-nos a uma dicotomia entre o ensino amável, sem esforço, fofinho e o decorar à bruta coisas em grande parte inúteis e que são esquecidas no mês seguinte. Mas o falhanço da educação não entra verdadeiramente no discurso político. (...)». Na integra aqui .
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