«Dificilmente se consegue atingir os tão almejados e urgentes 1% para a cultura sem estimular a criação de riqueza, talento e o mérito de quem arrisca e empreende, em simultâneo com políticas sociais para os mais desfavorecidos ou desencorajados. A social-democracia preconiza que a governação política deve promover a redistribuição da riqueza e ajudar os cidadãos que, por uma ou outra razão, não conseguem alcançar os padrões mínimos de sobrevivência, o que significa combinar as políticas sociais com o desenvolvimento económico e social.
O Governo de Tony Blair — social-democrata — foi influenciado pela terceira via (conceito inspirado em Anthony Giddens), e que é também promovida por alguns partidários do liberalismo social, que tenta reconciliar os posicionamentos económicos e social. Com a eleição de Tony Blair estabeleceu-se o primeiro Departamento da Cultura, Media e Desporto (DCMD), com responsabilidades no mapeamento, definição e desenvolvimento de um conjunto de indústrias relacionadas com a arte, os media, a cultura e a tecnologia digital. Esse Governo criou um ministério para implementar políticas públicas nas áreas culturais e criativas de modo a potenciar o impacto no PIB inglês, cerca de 6% na economia e no emprego (tanto ou mais do que a indústria automóvel); em Portugal representa entre 2% e 3% do PIB, com grande potencial de crescimento.
As indústrias e instituições criativas e culturais (ICC) de Portugal são fundamentais, razão pela qual deve ser considerado um sector estratégico. A política pública deve ser orientada para reforçar a sua resiliência e sustentabilidade, de modo a promover o nosso valor cultural em Portugal e no exterior. Com este propósito podem destacar-se alguns domínios de intervenção — prioritários — do Estado, nomeadamente: incentivar o empreendedorismo, melhorar o financiamento público e combater a precariedade.
A implementação de políticas públicas conjunturais não requer, necessariamente, a alocação de mais recursos financeiros, mas sim um melhor aproveitamento dos programas ou instrumentos existentes
Em muitos casos a implementação de políticas públicas conjunturais e estruturais não requer, necessariamente, a alocação de mais recursos financeiros, mas sim um melhor aproveitamento dos programas ou instrumentos existentes (PT 2030 ou PRR, por exemplo) e também uma melhor articulação entre ministérios e secretarias de Estado (e outros organismos, como o IEFP, IAPMEI, AICEP, Banco Português de Fomento, etc.). É fundamental criar uma visão de conjunto e um propósito comum para dinamizar um sector estratégico e reprodutivo e capaz de criar emprego (incluindo jovens qualificados), que é um dos grandes desafios societais. (...)».
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