segunda-feira, 22 de abril de 2024

NA BIBLIOTECA NACIONAL | A Revolução em Marcha: os cartazes do PREC, 1974-1975 Exposição | 19 abr. - 21 set. '24 | Sala de Referência | Entrada livre

 

  Diogo Margarido. Lisboa, 1975

 

A Revolução em Marcha: os cartazes do PREC, 1974-1975

Exposição | 19 abr. - 21 set. '24 | Sala de Referência | Entrada livre

 

 

Poucos dias após o 25 de Abril uma «explosão de visualismo» inundou o espaço público sob a forma de graffitis/pichagens, murais e cartazes. Uma iconografia revolucionária que nas palavras de E.M. de Melo e Castro, "Assim, Portugal se transformou num enorme Poema visual, que todos os dias, durante dois anos, se transformou, porque todos podiam escrever e escreviam: porque todos sabiam ler e liam" (1).

 A produção e a colagem massiva de cartazes, em particular nos anos de 1974 e 1975, foram o instrumento preferencial de afirmação e consolidação dos novos protagonistas políticos e sociais, partidos políticos, sindicatos, comissões de moradores e de trabalhadores, associações cívicas e de dinamização cultural, etc. Cruzando os domínios artístico e utilitário, os cartazes afirmaram causas, doutrina e discurso político, esclarecimento, agenda e anúncio de iniciativas.

 A montagem-colagem de cartazes, proposta de (re)criar uma alegoria ensaio da iconografia revolucionária de 1974-1975, tem a intenção  de  mapear  de  modo   anómico   uma   série   de   eventos, assuntos, debates políticos e expectativas do período revolucionário em curso. O cartaz político raramente passa à posteridade, responde ao imediato, tem um caracter efémero e uma condição de baixa cultura.

Essenciais como fonte iconográfica para a história deste período, Ernesto de Sousa, em maio 1975, afirmou a necessidade de repensar os cartazes enquanto objetos de uma nova cultura:


Quando digo que as paredes são um acto cultural positivo é porque elas reflectem não só a capacidade produtiva de quem comete as acções mas também as necessidades de quem as vai receber, esta linguagem vivíssima, que é extremamente bela, é produzida para satisfação imediata de uma necessidade profunda de comunicação. Quem cola um cartaz não satisfaz apenas uma necessidade sua, mas está a satisfazer as necessidades sua e dos outros.(2)

 Paulo Catrica

 

  

 


(1)
 E.M. de Melo e Castro. «Pode-se Escrever com Isto». Colóquio Artes. S. 2, N.º 32, 1977, p. 50.

(2) Ernesto de Souza. «Revolução - Ano I. Para onde vai a Cultura Portuguesa?». Vida Mundial. N.º 1860 (8 maio 1975), p. 33.

 Banner: © Diogo Margarido. Estação do Rossio, Lisboa, 1975 (pormenor).

 

Saiba mais.

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Uma nota, apenas: é bom saber que a BNP guarda material iconográfico certamente na sequência do «depósito legal». Importante seria conhecermos onde existem outras «coleções», públicas e privadas. E articulá-las.
 
  

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