Excerto:
«(...) Luís Sousa Ferreira argumenta que, muitas vezes, os edifícios por serem um teatro e terem um nome passam a imagem de serem uma instituição cultural, mas muitas vezes não há profissionais especializados nem equipas próprias nestes equipamentos, o que faz com que possa ser uma “rede mascarada”. “Por vezes são apenas salões de festas dos municípios. Não há risco na programação, e há uma grande interferência da política.” Rui Matoso está de acordo: “Sem autonomia do poder local, a democracia cultural não se consegue efetivar”.
Isso leva a que artistas e agentes encontrem muitas dificuldades em conseguirem organizar digressões com várias datas fora dos grandes centros urbanos, por falta de abertura ou disponibilidade. “Com a abertura da rede nacional de teatros, o que está a acontecer é que os artistas emergentes em vez de terem ganho espaço, perderam-no. Ou seja, como há mais dinheiro, os teatros estão a contratar o artista da moda e não o artista emergente que às vezes contratavam”, explica Tânia Monteiro, da Produtores Associados, que trabalha com artistas há vários anos. Hugo Ferreira, da Omnichord Records, comenta no mesmo sentido, apontando outro detalhe que dificulta o processo: “Tem tudo para ser uma ótima ideia, mas está a exigir uma programação muito antecipada, que não tem em conta o fluxo de novos lançamentos. Porque nesta altura [a conversa aconteceu em outubro] estão a fazer a programação do próximo ano inteiro. E vai haver muita coisa nova até lá”. (...)»
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